O recente script do noticiário abriu crise velada entre altos oficiais das três Forças Armadas. O vazamento das supostas informações na delação do tenente-coronel Mauro Cid de que o então comandante da Marinha Almir Garnier teria topado golpe militar com o presidente Jair Bolsonaro, numa reunião na transição, caiu como bomba entre militares, mas com diferentes efeitos. Uma parte considera graves acusações, se comprovadas – Cid terá de entregar as provas, garante quem circula no STF. Outra ala vê com muita cautela. Acha muito estranho Cid, oficial de baixa patente, presenciar suposta reunião do Comando. Considera que o delator estava ansioso para se livrar da cadeia, em pré-depressão, e informações verbais têm de ser analisadas sem sensacionalismo. E há quem acredite que, com “filme” queimado na praça, o Exército – mais forte Força no alinhamento com Bolsonaro – quer ser livrar de qualquer pecha: Cid seria um porta-voz para usar Garnier de “bode expiatório” e tirar o foco dos generais.

Delação de Cid já caiu como bomba na caserna, mas altos oficiais das três Forças desconfiam (muito) de plano para limpar a imagem do Exército

E o Progressistas não para…

O Progressistas não para na insaciedade do Poder, e agora pede também ao presidente Lula da Silva o comando da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa, que será recriada), ambas com verbas bilionárias. Uma seleta comitiva da bancada visitou o ministro Alexandre Padilha no Palácio semana passada. A Conab está nas mãos do PT, com o ex-deputado Edgar Preto. Para o cargo, Arthur Lira – que preside a demanda – quer o ex-deputado cassado Neri Geller. O problema é que Geller foi condenado pelo TSE por crime eleitoral, usou a conta corrente do filho para receber recusos de campanha não declarados.

Risco do ocaso

Arthur Lira negocia com Lula mudanças no Ministério para abrigar mais gente do Centrão (Crédito:Claudio Reis)
Arthur Lira (Crédito:Claudio Reis)

O presidente da Câmara, Arthur Lira, articula a candidatura de Elmar Nascimento (União) à sua sucessão. Mas o Progressistas está contrariado e a bancada acha que o baiano não emplaca. E isso pode abrir espaço para uma candidatura 100% alinhada ao Palácio. O PP busca uma terceira via, e Lira pode acabar como Rodrigo Maia – sem poder e no ocaso.

Cármen segura a fusão de PTB e Patriota

Ministra Cármen Lúcia
Ministra Cármen Lúcia (Crédito:Alejandro Zambrana/Secom/TSE)

Há um ano a ministra Cármen Lúcia segura no Tribunal Superior Eleitoral pedido de fusão do PTB com o Patriota. Pessoas próximas à família de Roberto Jefferson – cacique petebista que ofendeu a ministra ano passado durante a eleição e está preso, internado em hospital no Rio de Janeiro – atribuem essa demora a uma possível desconfiança da magistrada de que Jefferson e família terão poder, influência e acesso a recursos do futuro partido. Um fato reforça essa impressão: quem pediu a fusão à Justiça Eleitoral foi o atual presidente do PTB, o ex-deputado estadual Marcus Vinicius Neskau, ex-genro de Jefferson.

Dilema de Dino para seu futuro

Dino afirma que afegãos ficarão 30 dias em abrigo de Praia Grande (SP)
Flávio Dino (Crédito:Valter Campanato/Agência Brasil.)

Então ministro da Justiça recém-empossado, Flávio Dino bateu no peito e garantiu que a Força Nacional daria jeito nas vindouras manifestações do dia 8 de Janeiro (cuja dimensão ninguém sabia). Descobriu, com a chegada atrasada de soldados pingados, que não mandava. Agora está no meio do furacão sob suspeita de omissão. Emplacou a aliada senadora Eliziane Gama como relatora da CPMI e se blindou. Dino sonha com o STF, mas senadores não o querem. O Palácio não quer um ministro lacrador nas redes. Por ele, Dino tem o lobby na Corte dos amigos Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. E só.

O suspense da reunião do Sudoeste

Há um suspense em torno do metiê jurídico – de Mauro Cid e do Supremo – sobre uma reunião que teria ocorrido no apartamento de um ministro palaciano de Bolsonaro no bairro Sudoeste. Com altos oficiais das três Forças, como a Coluna já noticiou. Seria ali o bunker do golpe. A conferir.

Direita x Esquerda

A Comissão de Previdência deve se transformar num centro de batalhas entre esquerda e direita na Câmara. Depois de pautar a votação do projeto sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo, o presidente da Comissão, Fernando Rodolfo (PL-PE), avisou que outras propostas similares virão. “Não vai ficar nada na gaveta”, afirma o deputado.

Olhos na dupla

Ministros do Palácio estão preocupados com as movimentações informais de Hermano Gonçalves e José Roberto no Ministério da Defesa, em especial dentro do gabinete. Eles foram assessores do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, no Governo Lula I no Palácio e no escritório de representação que Múcio abriu quando saiu do TCU.

NOS BASTIDORES

Só com as provas

A despeito da polêmica em torno da delação de Mauro Cid, o comando da CPMI do 8 de Janeiro decidiu não convocar nenhum alto oficial das Forças Armadas. Por enquanto.

Choque na gestão

Vai sair do forno na Subcomissão que trata das concessões uma lei que aperta as empresas de energia elétrica. “O que está ruim, vai sair. O bom, fica”, crava o deputado João Carlos Bacelar (PL-BA).

Acervo histórico

A importância do PL 2463/23, de Paulo Fernando (Rep-DF), que dá preferência ao Estado na compra de acervos históricos: está à venda em site, por R$ 10 mil, carta original do Palácio à imprensa com texto de Getúlio Vargas antes do suicídio.

Cadê o Mr. Albert?

O antropólogo francês Bruce Albert, conhecido no Norte do Brasil, sumiu do mapa. A CPI das ONGs mudou seu convite para convocação, para ele provar que houve assassinatos de yanomamis por décadas.