Se no Brasil temos a nossa própria dose de loucura, com o presidente Bolsonaro oferecendo cloroquina para uma ema, os Estados Unidos não ficam muito atrás, principalmente quando o assunto são as vacinas contra a Covid e – também – certas aves. Por lá, o fato de Garibaldo, o pássaro amarelo gigante da “Vila Sésamo“, escrever um tuíte incentivando a vacinação dos jovens entre cinco e 11 anos, já aprovada pelas autoridades do país, causou uma gigantesca confusão.

“Minha asa está um pouco dolorida, mas a vacina dará ao meu corpo um impulso protetor extra que mantém a mim e a outras pessoas saudáveis”, escreveu o pássaro. De um momento para o outro, Garibaldo passou a ser “comunista” nas redes sociais e diversos programas televisivos passaram a discutir a sério se receber conselhos de um personagem infantil era a melhor opção, esquecendo-se de que aquilo fazia parte de uma campanha apenas para incentivar a imunização. Apesar de estar no ar desde 1969, Garibaldo tem apenas seis anos e encanta gerações de crianças.

Outro detalhe: o pássaro usou a rede social que menos atrai crianças e adolescentes da faixa etária em questão, o Twitter, não é como se o personagem, durante o programa televisivo, tomasse a vacina contra a Covid. O que seria algo até comum, uma espécie de Zé Gotinha gringo.

Mas não. Pais que são radicalmente contra todos os tipos de vacina, pois supostamente causariam autismo ou câncer, se revoltaram contra a simples frase. O senador republicano do estado do Texas, Ted Cruz, disse que o ato era “propaganda do governo”, postando um vídeo onde a ave vacina crianças à força. Uma comentarista da rede Fox News acusou o governo de estar fazendo “lavagem cerebral” com as crianças.

O medo infundado contra as vacinas é severo e de longa data nos Estados Unidos. Muito antes da pandemia, pais faziam questão de não vacinar seus filhos, pois queriam uma infância “natural” para seus rebentos. Foi quando surgiram as primeiras vacinas contra a Covid-19 que os boatos envolvendo Bill Gates, a China e a tecnologia 5G ganharam força. Absurdas e descabidas, essas ideias não colaram no Brasil, mesmo com o presidente Bolsonaro tentando fazer com que a cultura antivacina vingasse aqui no País.

Isolado no G20 na sua posição de “não tomar a vacina”, acreditou que muitos brasileiros seguiriam os seus passos. Não seguiram. No estado de São Paulo, 87% da população adulta já recebeu as duas doses. O certo a se fazer é agir como Garibaldo e como a pobre Ema, em Brasília: tomar a vacina e fugir da cloroquina.