O cineasta mexicano Michel Franco, premiado no Festival de Veneza com o Leão de Prata – o Grande Prêmio do Júri da mostra – disse nesta quarta-feira (14) que a pandemia do novo coronavírus é “uma grande oportunidade” para demonstrar que a empatia pode combater o racismo e a discriminação.

Ao voltar da Itália, onde foi aclamado por seu filme, “Nuevo Orden”, o diretor considerou que o vírus “está asfixiando as pessoas” e, ao mesmo tempo, criando a oportunidade de expor as características positivas do ser humano.

“A pandemia é uma grande oportunidade de demonstrar que sim, nos importamos com o mais frágil e que sim, queremos e podemos melhorar (…) E não falo só do México, mas globalmente”, disse Franco em coletiva de imprensa.

O diretor, de 41 anos, confiou em que quando houver uma vacina para a covid-19, o acesso será universal “e não só para os que puderem pagar por ela”.

“Nuevo Orden”, uma metáfora impiedosa do México e do mundo moderno, abalado pelas diferenças sociais e o racismo, estreará nos cinemas mexicanos em 22 de outubro.

Protagonizado pelos atores Naian González e Diego Boneta, o filme conta a história de uma revolta indígena contra a elite branca no México, um tema que provocou controvérsia nas redes sociais.

Franco lamentou a polêmica gerada pelo trailer do filme e qualificou de “profundamente racista” o termo “whitexicans”, contração das palavras inglesas “white” e “Mexicans”, branco e mexicanos, com a que alguns setores têm criticado seu último trabalho.

“Dizem por aí ‘whitexican’. Alguém que acusa de racismo e cria estes termos está sendo profundamente racista”, alertou o cineasta.

Após sua grande acolhida em Veneza, “Nuevo Orden” é a aposta da indústria cinematográfica mexicana para que o público volte às salas de exibição, após cinco meses fechadas pela pandemia.

O filme pode se tornar o grande candidato da Academia Mexicana de Cinema para tentar uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro através da Neon, a mesma distribuidora do filme ganhador deste ano, o sul-coreano “Parasita”.

“Acho que [‘Nuevo Orden’] pode trazer aos mexicanos outra estatueta”, concluiu Franco.