O programa “Bom Dia São Paulo”, da TV Globo, monitorou durante seis dias o entorno da estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), localizada no Centro de São Paulo, e flagrou a ação de uma quadrilha formada por homens e mulheres, conhecida como a “gangue do mata-leão”, que assalta, espanca e aterroriza as pessoas que passam pela região.

Além de roubarem todos os pertences dos pedestres, os criminosos utilizam o golpe “mata-leão” para imobilizá-los e baterem neles.

Um rapaz, que preferiu não se identificar, informou que foi assaltado e agredido pela quadrilha no seu primeiro dia de emprego. Depois disso, ele tem dificuldades para fazer as coisas simples do dia a dia.

“Não posso sorrir, não enxergo. Tenho dificuldade para comer, tenho dificuldade para tomar banho, tenho dificuldade para andar, meus braços doem muito, minhas costas doem muito, meu peito dói muito. E tenho dificuldade pra dormir também.”

Nas imagens feitas pelo programa, é possível ver o momento em que uma mulher sinaliza para os comparsas que o rapaz será a próxima vítima. Nesse momento, os criminosos se aproximam, enforcam e jogam ele no chão.

“Aí eles começaram a me chutar, me chutar, me chutar . E pegaram meu celular, pegaram minha carteira, pegaram tudo. Eu comecei a chutar a perna deles enquanto estava no chão e aí eles começaram a me bater mais. Na hora que foram puxar a bolsa, eu segurei e puxei, e não queria deixar de jeito nenhum. E eles me chutaram mais. Rasgou a alça da bolsa e eles levaram. Ainda falaram pra mim: ‘não vem atrás’”, completou o rapaz.

Mesmo machucado, ele conseguiu andar até uma base da polícia e relatou que ficou cerca de duas horas caído no chão esperando por uma ambulância.

Segundo ele, os policiais disseram que não poderiam sair da base e ainda perguntaram se o rapaz estava bêbado.

Bancas de comida servem de esconderijo

Na região do Brás há algumas bancas de comida que ficam cheias durante o dia. Porém, quando escurece, elas servem para que os chefes da “gangue do mata-leão” se escondam do patrulhamento policial.

Para algumas vítimas, o maior prejuízo não é o financeiro.

“Estou sem dignidade. Roubaram todos os meus documentos, roubaram meus celulares, roubaram minha bolsa, roubaram minha dignidade. Roubaram tudo”, disse uma.

O que diz a polícia?

Procurada, a Polícia Militar informou que não há registros de roubos e agressões como os mostrados pelo “Bom Dia São Paulo”. Mesmo assim, são realizados patrulhamentos todos os dias para coibir as ações criminosas na região.

Já a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) informou que o policiamento e as investigações se intensificaram na região do Brás para identificar e prender os assaltantes.

Tanto a Polícia Militar quanto a SSP reforçaram a importância de que esses casos sejam registrados nas unidades policiais. As pessoas podem fazer isso pela delegacia eletrônica ou por meio do telefone 190.