Gangue de ‘Otoniel’ intimida povoados colombianos após extradição de líder aos EUA

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O grupo criminoso de “Otoniel”, o chefe do tráfico de drogas colombiano extraditado aos Estados Unidos, lançou um plano para assassinar policiais e militares e intimidar populações do norte da Colômbia, uma revanche pela entrega de seu antigo líder, denunciaram as autoridades nesta quinta-feira (5).

Os traficantes do Clã do Golfo desenvolvem, segundo “informação de inteligência”, “um ‘plano de ataque’ contra a polícia e a força pública”, disse o ministro da Defesa, Diego Molano, à emissora W Radio.

Otoniel – que até a sua prisão, em outubro 2021, comandava essa organização, a maior do país – foi extraditado ontem de Bogotá para Nova York para responder à Justiça local por tráfico de cocaína.

Segundo Molano, seus antigos comandados “dirigiram suas ações” contra policiais e soldados, sem que, por ora, tenham deixado mortos e feridos.

Nas regiões sob influência do Clã do Golfo, no noroeste da Colômbia, os homens de Otoniel impuseram uma paralisação forçada das atividades, que, de acordo com um panfleto divulgado nas redes sociais, deve durar até a próxima terça-feira.

Na região de Bajo Cauca, em Antioquia, seis municípios estão em “alerta” pela “clara presença destes atores ilegais” e “eventuais atentados contra a força pública”, informou Luis Fernando Suárez, secretário de governo desse departamento.

Suárez relatou o “fechamento de estabelecimentos de comércio e do transporte público, que foram afetados por esta ordem […] de interromper as atividades”.

Em Córdoba, pelo menos 63 escolas estão fechadas. “Acreditamos que em 70%-80% dos estabelecimentos educativos de Córdoba hoje, provavelmente, não haverá aulas […] por esta paralisação forçada”, informou Hernán Martínez, presidente da associação local de professores.

Alguns integrantes do Clã chegaram aos “arredores dos estabelecimentos educativos” e efetuaram “tiros para o alto”, acrescentou o responsável.

Em Sucre, dois ônibus, um caminhão e máquinas foram incendiados, reportou o governador, Héctor Olimpo Espinosa. “Toda a nossa força pública está em alerta máximo”, acrescentou o funcionário, que proibiu o porte de armas e a circulação de motocicletas com dois passageiros.

No sul da localidade de Bolívar, “as pessoas foram intimidadas” com mensagens em panfletos e pichações, segundo o secretário de Interior do departamento, Carlos Monsalve.

De acordo com fontes judiciais, o narcotraficante comparecerá hoje diante de um juiz no tribunal do Brooklyn.

Até a sua captura, perto da fronteira com o Panamá, Dairo Antonio Úsuga, vulgo “Otoniel”, comandava o cartel responsável por 30% (cerca de 300 toneladas) das exportações de cocaína da Colômbia, o maior produtor mundial da droga.

Para o governo, a captura e posterior extradição do narcotraficante é o golpe mais contundente contra o crime organizado no país desde a morte de Pablo Escobar pela polícia em 1993.

Em seu auge, as autoridades calcularam que o Clã do Golfo teria até 4.000 membros em suas fileiras.