Com a tragédia em Brumadinho, muitas pessoas voltaram sua revolta contra a Vale, com razão, ainda que encontrar os indivíduos responsáveis e puni-los de forma exemplar seja a melhor resposta. Mas uma esquerda oportunista foi além, usando a desgraça para avançar com sua agenda estatizante. Para essa turma, o problema em si foi a privatização da empresa, responsável por incrível ganho de produtividade e divisas para o País, funcionários e acionistas.

A narrativa segue a linha antiga de comunistas como Noam Chomsky: criar uma dicotomia entre lucro e vidas perdidas para culpar o sistema capitalista pela ganância. O que essa visão de mundo ignora é a própria natureza humana, ou seja, fecha os olhos para o fato de que paixões mesquinhas afetam os seres humanos em qualquer sistema político e que o melhor é olhar para o mecanismo de incentivo de cada um.

O homem não passa a ser “novo”, ou seja, abnegado e altruísta, sob o socialismo, como sonharam os ingênuos. O rastro de miséria, escravidão e opressão de todos os experimentos coletivistas igualitários comprova isso. A ganância não desaparece com o fim da propriedade privada, Ela apenas é redirecionada. O sujeito ganancioso sob o socialismo vai se tornar mais frio, calculista e cruel para ascender na hierarquia do aparato estatal.

No ambiente do capitalismo liberal, com concorrência, cada um é guiado pela “mão invisível” para melhor atender às demandas dos outros. Isso não quer dizer, claro, que todos serão agentes morais. O mercado é amoral: quem deve ter valores ou não são os indivíduos. E quando estes se desviarem, devem ser punidos tanto pelo próprio mercado, que costuma fazer isso bem (pense na perda bilionária nas ações não só por receio de multas, como pela credibilidade afetada), como pelo estado, por meio de suas leis.

O mecanismo de incentivos é muito melhor no liberalismo, portanto, do que no modelo estatal, que lida com o dinheiro da “Viúva”. Insinuar que tragédias assim só acontecem porque a empresa é privada e movida pela ganância é fechar os olhos para os fatos, fingir que Chernobyl não ocorreu, entre tantos outros casos. A própria Petrobras, com sua “função social” em seu “setor estratégico”, foi palco dos maiores escândalos de corrupção e protagonizou diversos acidentes operacionais.

Culpar a busca pelo lucro das empresas, enfim, é estratégia diversionista da esquerda, que quer manter seus privilégios à custa do povo. Gente que ultrapassa qualquer limite de decência em troca de ganhos imediatos existe em todo regime. O importante é limitar esse poder de estrago, o que faz o livre mercado, e punir seus delitos, conforme o império da lei. O resto é demagogia de quem costuma ter muita ambição política mascarada de falso altruísmo.

Culpar o capitalismo por Brumadinho é oportunismo. O mercado é amoral. Os responsáveis pela tragédia é que precisam de punição exemplar