BRASÍLIA (Reuters) – O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, indicado pelo governo à diretoria de Política Monetária do Banco Central, disse nesta terça-feira que reduzir os juros básicos é uma vontade de “todo mundo”, afirmando ainda que sua nomeação à autarquia está em linha com a lei de independência do BC.

“Acho que todo mundo quer baixar os juros. Tenho convicção que toda a diretoria do Banco Central não tem nenhum tipo de satisfação, nem profissional nem pessoal, de ter um juro mais alto”, disse Galípolo a jornalistas em Brasília um dia após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ter confirmado seu nome para o BC.

“Eu acho que o que vem sendo feito pela Fazenda é tentar criar um ambiente para que o mercado possa colocar os preços da maneira adequada e que o Banco Central possa sancionar essa redução de juros”, avaliou Galípolo.

Alguns participantes do mercado financeiro viram a indicação de Galípolo à autoridade monetária como uma interferência política do governo no BC, em meio a críticas recorrentes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao nível da taxa Selic, atualmente em 13,75%.

Galípolo argumentou nesta terça que é esperado que indicados ao BC tenham alguma afinidade com o governo eleito e que sua nomeação está em linha com a lei de autonomia da instituição. Ao mesmo tempo, ele afirmou ter um “diálogo cordial” com a autarquia e uma boa relação com seu presidente, Roberto Campos Neto.

Questionado se poderá ser indicado ao cargo de presidente do BC ao fim do mandato de Campos Neto, Galípolo disse não ter vindo ao governo para um “projeto de carreira pessoal”.

“Desde que se entenda que eu posso colaborar e na posição que se entenda que eu posso colaborar eu me sinta confortável em desempenhar, eu estou à disposição do presidente (Lula) e do ministro Fernando Haddad para jogar na posição que eles considerarem que é mais adequada”, afirmou.

Se aprovado pelo Senado, Galípolo assumirá um cargo responsável por cuidar dos instrumentos de juros e câmbio, além de orientar tecnicamente a administração das reservas internacionais do país.

Nesta terça-feira, ele disse que reservas internacionais do Brasil são herança “ultrapositiva” de governos anteriores ao de Lula, acrescentando que essa herança coloca o país em uma posição mais vantajosa.

(Por Victor Borges)

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