O diretor de Política Monetária do Banco Central e indicado à presidência da instituição a partir de 2025, Gabriel Galípolo, afirmou nesta terça-feira, 8, que cabe à instituição colocar o juro em nível restritivo pelo tempo necessário para atingir meta, durante sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
“Sou daqueles que defendem que o Banco Central não deveria nem votar na meta de inflação dentro do Conselho Monetário Nacional (CMN)”, repetiu. “Hoje temos uma meta estabelecida de 3,0%, que cabe ao Banco Central perseguir de maneira efetiva, colocando a taxa de juros em um nível restritivo pelo tempo que for necessário para se atingir essa meta. Essa é a função do Banco Central, assim que funciona o arcabouço institucional e legal do Banco Central”, continuou.
Ele comentou sobre o tema ao abordar a questão da autonomia da instituição. “Sou relativamente novo na vida pública, mas aprendi que nos debates da vida pública existem algumas palavras-chave, que são quase um gatilho. E eu aprendi que autonomia é uma dessas palavras que costumam gerar um debate acalorado”, argumentou. “Eu costumo brincar: a gente precisa fazer um rebrand, a gente precisa reexplicar a ideia de autonomia”, disse.
Galípolo salientou que o BC tem autonomia operacional para buscar as metas que foram estabelecidas pelo poder democraticamente eleito. “A gente só pode até a adolescência achar que fazemos o que bem entendemos. Depois disso, não podemos mais achar isso”, considerou, continuando com a afirmação de que cabe ao BC e à sua diretoria perseguirem a meta de inflação.
A autonomia da autoridade monetária, de acordo com o diretor, não deve passar a ideia de que o BC deve “virar as costas” ao poder democraticamente eleito. Ele também reforçou a necessidade de haver um arcabouço institucional que permita ao BC desempenhar suas funções.