Em bate-papo no programa “Conversa com Bial”, Gal Gosta relembrou momentos importantes da sua carreira na música e não se furtou em falar do atual momento do Brasil, além de firmar sua identidade religiosa ligada ao candomblé.

“Minha relação com o candomblé começou quando Caymmi fez a canção ‘Mãe Menininha’, me convidou para cantar e foi um sucesso. Eu quis conhecer Mãe Menininha e fui lá. Quando a conheci, comecei uma relação com as pessoas da casa e aí fui iniciada”, explicou.

Diferente do que fez durante o Regime Militar (1964-1985), a cantora resolveu se posicionar politicamente e relembrou o sofrimento vivido naquele período e aproveitou para dar uma cutucada: “E tem gente querendo voltar a esse tempo, não pode”.

Após assistir uma apresentação sua com Cazuza (1958-1990), na música “Brasil”, Gal fez uma ligação com o atual momento do País e disse que resolveu se posicionar de forma mais contundente nos dias atuais.

“Eu me posicionei, né? Fora, Bolsonaro. Tem momento em que o artista tem de se posicionar”, revela.

50 anos de carreira

Com meio século de carreira na música, Gal explicou ter tido uma espécie de “visão” aos sete anos de que seria cantora.

“Eu estava sentada na janela, e a garotada da rua, os amigos da gente, estavam ali brincando. Aí passou um carro, e tinha uma TV local da Bahia com produção de cantores. A garotada correu para pedir autógrafo num pedaço de papel, e o cara escreveu um nome. Eu olhei e achei uma bobagem as pessoas pedindo assinatura num pedaço do papel. Mas me vi no futuro dando autógrafo, foi uma projeção”, revelou.

Ao rever momentos da sua carreira no programa, a baiana não conteve a emoção durante o reprise de uma apresentação sua com Dorival Caymmi. Costa ainda lembrou de Tom Jobim e uma passagem com o compositor dias antes dele morrer em 1994.

“Eu falei com ele dois dias antes de ele viajar. Ele falou que quando voltasse dos EUA iria fazer nosso disco, mas aí aconteceu isso. Chorei muito”, lembrou.

A cantora ainda contou outra passagem de Tom: “Eu dizia: ‘Tom, ainda bem que não conheci você quando era jovem, senão ia me apaixonar’.”

Questionada sobre um possível envolvimento com Caetano Veloso, Gal foi enfática: “Nunca rolou de a gente transar”.

Em um balanço dos seus anos na música, além de divulgar o novo disco, Gal Costa, de 75 anos, disse ter medo da morte.

“Eu sei que eu estou com 75 anos, e todo o mundo tem medo da morte, mas eu quero fazer coisas ainda. […] Acho difícil envelhecer, mas, ao mesmo tempo, é bom. Quanto mais você fica velho, mais você vive. E a vida é tão linda, com todos os seus mistérios, dificuldades, sofrimentos e alegrias. Viver é igual alegria e sofrimento, mas eu adoro a vida”, contou.

A edição com Gal Costa em “Conversa com Bial” vai ao ar de segunda a sexta-feira, após o Jornal da Globo.