 "Divulgação/Globo")
Julho de 2015. Sob o céu da fictícia Campobello, a atriz cuiabana Gabriella Di Grecco debutava na programação da Globo como a jovem Emília, de “Além do Tempo”.
Em figurinos de época, recortada pelos jardins do casarão, ela compunha o prólogo daquele papel que, mais à frente, seria dividido com a consagrada Ana Beatriz Nogueira. Agora, com a chegada do canal Globoplay Novelas, lançado em 9 de junho para ocupar o espaço do antigo Viva, a personagem regressa às telas como uma cápsula de memória recém-aberta.
A década que se estendeu entre aquela gravação e o presente tratou a artista como o próprio enredo da novela tratava o tempo: multiplicando possibilidades.
Logo depois do folhetim, a atriz engatou oportunidades em outras plataformas. Em 2016, viveu Gemima em “Cúmplices de um Resgate” (SBT); nos palcos, assumiu o protagonismo em “Cinza”, de Jay Vaquer, e, na produção rock’n’roll “Vamp – O Musical”, orquestrada por Jorge Fernando em idas e vindas entre Rio e São Paulo.
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O passo seguinte foi transoceânico: em 2019, ela se converteu numa das protagonistas de “Bia”, série do Disney Channel exibida em mais de quarenta países. Era o passaporte carimbado para outra dimensão de visibilidade. Daí em diante, a carreira abriu frentes diversas.
Entre 2020 e 2021, apresentou o “Disney Planet News” em duas línguas, encarnou a antagonista Nora em “O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu”, produção de Miguel Falabella para o Disney+, compôs sob o selo Warner Chappell Brasil, dirigiu videoclipes e cravou assinatura própria em múltiplas linguagens.
Hoje, aos 36 anos, ela costura todo esse percurso numa espécie de reconciliação: atriz, cantora, compositora, diretora e ainda há espaço para mais. Lá no fundo, porém, Emília permanece agachada numa dobra do tempo, convidando-a para uma visita, e a reprise cumpre justamente esse papel de espelho cronológico.
Ela comenta: “Emília foi a minha primeira personagem nas novelas e curiosamente foi uma personagem que me convidou à música também. Engraçado que a música nunca saiu de mim, mesmo tendo a carreira de atriz como foco principal. Emília, também conhecida como Alegra, era uma artista itinerante que cantava, dançava, tocava e encantava a todos com as suas performances. Na trama, essa personagem é um dos focos centrais da novela, e tive a oportunidade de dividir esse papel com a grande Ana Beatriz Nogueira, atriz que admiro e respeito muito, de uma sensibilidade ímpar.”
“A partir dessa novela, muitas portas foram abertas unindo sempre a atuação e a música, isso foi assim por toda a minha carreira em trabalhos tanto no audiovisual quanto em teatro musical. Muitas vezes, o que o ator precisa é apenas de uma chance, uma oportunidade para que o seu trabalho seja visto, lembrado e requisitado em outras produções. Sou muito grata à oportunidade que o Rogério Gomes, Pedro Vasconcellos e toda a direção da novela por me darem esse espaço que abriu portas para a minha carreira como artista”, continua.
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E como quem revisita não só a obra, mas o que escapa dela, Gabriella encerra lembrando um bastidor que ficou gravado na memória.
“Me lembro perfeitamente da primeira cena que gravei nessa novela. Era uma cena muito intensa e carregada de emoção. Era uma briga com a Condessa, a personagem de ninguém menos que Irene Ravache. Fiquei chocada. Como assim minha primeira cena da vida é uma briga feia com a Irene Ravache? Mas como todo grande artista, existe empatia, generosidade e vontade de jogar, Irene me acolheu e ensaiamos a cena muitas vezes para que a gente ficasse com mais intimidade e pudesse trazer mais realidade pra cena”, explica.
“Foi muito emocionante. Nossa arte tem a ver com os encontros. E o encontro com a Irene, apesar de pontual na novela, me marcou bastante. Ela foi quem me apresentou, na prática, a postura dos gigantes e isso foi um aprendizado que levo pra minha carreira artística e na interação com colegas e fãs. Ela foi uma grande professora sem sequer saber disso! Hahaha!”.
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