“Espaço reservado para o troféu do bicampeonato mundial”. Na sala de conquistas do surfista Gabriel Medina, no Instituto que criou com seu nome em Maresias, no litoral paulista, a mensagem servia de motivação antes do embarque para o Havaí. E como uma profecia, o atleta cumpriu à risca o que dizia o bilhete e garantiu seu mais novo troféu.

O atleta, que foi eleito como Brasileiro do Ano na categoria Esporte pela Revista ISTOÉ, conquistou o bicampeonato mundial de surfe nesta segunda-feira durante a disputa do Billabong Pipe Masters, no Havaí. Ele confirmou o favoritismo ao passar suas baterias com um bom desempenho enquanto seus adversários, o brasileiro Filipe Toledo e o australiano Julian Wilson, foram eliminados pelo caminho.

É o segundo título do Circuito Mundial de Surfe do garoto de Maresias. Em 2014, ele se tornou o primeiro brasileiro a ser campeão mundial na modalidade. Agora, é o primeiro bicampeão e deixa o Brasil com três troféus – Adriano de Souza, o Mineirinho, ganhou o Mundial em 2015. O feito de Medina coroa o ótimo momento do surfe nacional.

Medina chegou ao Havaí na liderança do campeonato e sabia que dependia apenas de si para conquistar o título. Com grandes tubos, manobra mais bem pontuada no Pipe Masters, levantou a torcida brasileiro e sua família na areia em Pipeline. Quando Wilson foi eliminado na 4ª fase, os fãs fizeram a festa na praia, um verdadeiro carnaval verde e amarelo.

A façanha de Medina confirma o talento do jovem de 24 anos, que desde cedo mostrou enorme talento e sempre foi precoce nas conquistas. O surfista de Maresias começou a pegar ondas desde cedo e ainda na adolescência festejou os primeiros resultados. Aos 11, ganhou seu primeiro campeonato a nível nacional, a etapa Rip Curl Grom Search na categoria Sub-12, disputada em Búzios/RJ.

Com 15 anos foi o atleta mais novo a vencer uma etapa do Mundial de Surf (ASP). A partir daí, colecionou feitos sempre mostrando um estilo arrojado e moderno. Tanto que até o campeão mundial Joel Parkinson, da Austrália, se rendeu ao talento do brasileiro. Em uma entrevista para o podcast “Ain’t that swell surf radio”, considerou Medina o maior talento de todos os tempos.

“Eu sempre falei isso dele. Desde jovem eu achei isso. É um dos melhores que eu já vi, se não é o melhor que eu já vi sobre uma prancha. Eu sou um fã do Gabriel e amo vê-lo surfar. Falo para o Mick Fanning e para todo mundo. Ele é o melhor que eu já vi”, afirmou Parko, que ganhou o título mundial em 2012.

Um dos trunfos de Medina é que desde cedo teve o apoio da família. Quando ainda era criança, falou para o padrasto Charles Saldanha que queria ser campeão mundial. Foi daí que surgiu a parceria que dura até hoje, com Charles atuando como técnico e principal mentor. A mãe de Gabriel, Simone, é a grande incentivadora e torcedora número um. O irmão Felipe é grande parceiro e a irmã Sophia já segue os passos no surfe e demonstra grande talento.

E foi dessa união familiar, talento precoce e uma competitividade enorme que Gabriel Medina levou o surfe mundial para um outro patamar. Ao lado de John John Florence, Filipe Toledo e Italo Ferreira, é o grande nome da nova geração e tem tudo para ampliar esse número de troféus no futuro.