O gabinete de segurança de Israel aprovou nesta sexta-feira (17/01) o acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que inclui a libertação de reféns, conforme fora anunciado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, e o governo do Catar.
As incertezas duraram até a manhã desta sexta-feira, quando o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou que um acordo para libertar os reféns havia sido alcançado.
O acordo será agora submetido à aprovação dos demais ministros do gabinete de Netanyahu antes da assinatura final. A Suprema Corte israelense ainda deve ouvir petições contra determinadas partes do pacto, embora muitos entendam que o tribunal não deverá intervir.
O acordo, que deve entrar em vigor no próximo domingo, poderá pôr fim aos combates e bombardeios na Faixa de Gaza e dar início à libertação de dezenas de reféns mantidos no enclave palestino desde os ataques terroristas do grupo islamista Hamas em Israel, em 7 de outubro de 2023.
O pacto anunciado na noite de quarta-feira permitirá a libertação de 33 reféns nas próximas seis semanas em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos e da retirada das forças israelenses das áreas mais populosas de Gaza. Após a fase inicial, todos os reféns deverão ser libertados, com a retirada total das tropas de Israel do território.
Tensões de última hora
O gabinete de Netanyahu, havia acusado o Hamas de renegar parte do acordo em uma tentativa de “extorquir concessões de última hora”, sem oferecer detalhes. Ele afirmou que o gabinete não iria se reunir “até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo”.
O Hamas, por sua vez, se disse determinado a respeitar o acordo conforme anunciado e negou uma suposta oposição ao pacto. Em comunicado, o grupo islamista disse que está “comprometido com o acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores”.
Um dos porta-vozes do grupo islâmico, Sami Abu Zuhri, acusou Israel de tentar “criar tensão em um momento crítico” e exigiu que o governo dos Estados Unidos aplicasse o acordo. “Não há espaço para debate ou para Netanyahu evitar implementar o acordo de cessar-fogo”, afirmou.
Ultradireita ameaçou bloquear acordo
Ao menos dois membros ultradireitistas do gabinete de segurança expressaram oposição ao cessar-fogo.
O ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir, ameaçou renunciar ao cargo se o governo aprovar o pacto. Ele disse que o acordo, no formato atual, era “imprudente” e “irresponsável” e que a libertação de centenas de militantes palestinos e a retirada de tropas israelenses de áreas estratégicas de Gaza “apagariam as conquistas da guerra”, deixando o Hamas vitorioso.
O ministro das Finanças, o ultradireitista Bezalel Smotrich, também se opôs ao acordo, que chamou de “perigoso”.
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, porém, disse acreditar que o cessar-fogo iria seguir conforme o planejado. “Estou confiante e espero plenamente que a implementação comece, como dissemos, no domingo”, afirmou
Israel intensifica ataques, que deixam dezenas de mortos
No início desta quinta-feira, as Forças Armadas de Israel lançaram ataques que mataram dezenas de pessoas em diferentes partes do enclave palestino. O Exército israelense relatou ter atingido cerca de 50 alvos em todo o território.
As estimativas do número de mortos variam de acordo com os relatos de entidades diferentes. A Defesa Civil de Gaza disse que ataques em várias áreas do território mataram mais de 100 pessoas e deixaram centenas de feridos.
O braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, alertou que os ataques israelenses colocam em risco as vidas dos reféns que seriam libertados sob o acordo e poderiam transformar sua “liberdade em tragédia”.
Mesmo com a intensificação dos ataques antes do início da trégua, muitos moradores de Gaza que foram forçados a se deslocar para outras partes do território devido à guerra já se preparavam para retornar para suas casas.
Mais de 46 mil mortos em Gaza
A guerra na Faixa de Gaza teve início com os atentados terroristas do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de mais de 1.200 pessoas, a maioria civis.
Nos ataques mais mortais da história israelense, o grupo palestino fez 251 reféns, 94 dos quais ainda estão detidos em Gaza, incluindo 34 que os militares israelenses dizem estarem mortos.
A reação de Israel destruiu grande parte de Gaza e matou mais de 46.000 pessoas, a maioria delas civis, de acordo com números do Ministério da Saúde do território palestino administrado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.
rc (AFP, Reuters)