ROMA, 23 SET (ANSA) – Os ministros das Relações Exteriores do G20 se reuniram nesta quarta-feira (22) em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU, para debater a situação das mulheres e meninas no Afeganistão após a tomada de poder pelo Talibã.   

O encontro, uma preparação para a cúpula extraordinária do G20, foi liderado pelo chanceler da Itália, Luigi Di Maio, que anunciou que a prioridade é garantir os direitos das afegãs no país asiático e estabelecer mecanismos internacionais para monitorar a situação.   

Segundo Di Maio, durante a reunião foram propostos três objetivos para lidar com a ameaça do grupo fundamentalista islâmico contra os direitos femininos no Afeganistão. O primeiro ressalta que toda a intervenção humanitária que for realizada nos próximos anos deverá ter uma parte dos fundos dedicada aos direitos das mulheres e meninas afegãs.   

Já o segundo ressalta que ativistas e jornalistas fora do Afeganistão continuarão recebendo apoio, enquanto que o terceiro diz respeito à criação de um mecanismo de monitoramento de direitos, acrescentou o político italiano.   

Ontem, os chanceleres e agências humanitárias já haviam denunciado na ONU o agravamento dos direitos humanos de mulheres e meninas no Afeganistão e reforçaram que o Talibã não está cumprindo sua promessa de ser inclusivo.   

O medo da comunidade internacional é que as conquistas dos últimos 20 anos no território afegão para mulheres e meninas desapareçam.   

“Nos últimos 20 anos, a taxa de alfabetização das mulheres triplicou. Cerca de 3,5 milhões de meninas estavam indo para a escola este ano em comparação com 1999, quando as meninas não podiam ter acesso ao ensino médio e apenas 9 mil foram para o ensino fundamental”, lembrou o chanceler italiano, afirmando que a comunidade internacional não deve poupar esforços para evitar que estas conquistas sejam em vão.   

A crise envolvendo as mulheres no Afeganistão também foi tema de um debate nos Estados Unidos na terça-feira (21), no mesmo dia em que o Talibã pediu para discursar na ONU.   

“O Talibã apareceu com um péssimo cartão visita, com 17 membros de seu governo na lista dos terroristas”, lembrou Di Maio, julgando “bastante surreal” que eles desejaram estar presentes na ONU.   

Segundo o ministro italiano, “eles certamente não queriam dar um bom sinal à comunidade internacional, mas recordamos que no território ainda existem as agências das Nações Unidas, o Acnur, ONGs, muitos italianos como Filippo Grandi [alto comissário das Nações Unidas para o os refugiados]”.   

Para ele, “a questão é financiar os projetos de cooperação para o desenvolvimento que permitam às mulheres continuar suas lutas e garantir seus direitos”. (ANSA)