O programa Fantástico, da TV Globo, mostrou, neste domingo, dia 2, como criminosos criaram uma nova e sofisticada fonte de seu arsenal de armas. Eles criaram um esquema de fábricas clandestinas em Minas Gerais e em São Paulo, que alimentava as necessidades do Comando Vermelho. Depois da megaoperação realizada no Rio de Janeiro, a polícia realizou a maior apreensão de fuzis em uma única operação. Foram ao menos 91 armas.
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De acordo com a Polícia Federal, Rafael Xavier do Nascimento, que foi preso em flagrante com 13 fuzis na Via Dutra, transportava as armas de São Paulo para o complexo do Alemão. Investigação feita pela polícia no telefone dele mostrou uma série de mensagem trocadas com o destinatário das armas que eram produzidas em Santa Bárbara d’Oeste, no interior paulista. A fábrica tinha, pelo menos, 11 equipamentos industriais de precisão, como tornos e fresadores.
No local, a a polícia apreendeu cerca de 150 fuzis prontos, além de mais de 30 mil peças. A linha de montagem da fábrica tinha capacidade para fazer até 3.500 fuzis por ano. “Ele fabricava o fuzil por inteiro. Era uma planta industrial profissional. Não era uma fábrica de garagem. Eram equipamentos de alta precisão que custavam milhões de reais”, disse o delegado Samuel Escobar.
Imagens da polícia também mostraram Anderson Custódio Gomes, do núcleo operacional da quadrilha. Ele e um comparsa foram presos em flagrante transportando peças suficientes para a produção de 80 fuzis que tinham saído da fábrica e iam para o depósito da quadrilha, na cidade de Americana, também em São Paulo. A fachada do local tinha o CNPJ de uma fábrica de peças aeronáuticas de propriedade do piloto de avião Gabriel Carvalho Belchior.
Mas antes da operação, Gabriel já tinha saído do país. Em mensagem de voz enviada a um parente, ele diz que está nos Estados Unidos. Segundo a PF, Gabriel enviou ao Brasil fuzis desmontados dentro de caixas de piscinas infláveis e de outras mercadorias. Tudo comprado nos Estados Unidos e entregue em uma casa que ele tinha alugado na Flórida, para daí ser despachado para o Brasil.
Em agosto, a Receita Federal interceptou a remessa e Gabriel está foragido desde então. O nome dele entrou para a lista de procurados da Interpol. “O principal investigado no Rio de Janeiro recebia esses fuzis e vendia pra facção criminosa aqui no Rio de Janeiro”, afirmou o delegado Samuel Escobar. Ele é Silas Diniz Carvalho, preso em 2023 ao ser flagrado com 47 fuzis em seu apartamento na Barra da Tijuca. As autoridades descobriram que ele operava outra fábrica, em Belo Horizonte. A mulher de Silas, Marcely Ávila Machado, também fazia parte da rotina de produção. Os investigadores dizem que a indústria clandestina forneceu fuzis para facções do Rio, da Bahia, do Ceará e para milícias.