A 15 dias das eleições, e mantendo a dianteira nas pesquisas, chancelada pela vitória no 1º turno com mais de seis milhões de votos, o QG petista começa a alinhavar nomes para compor o ministério a partir de janeiro. O primeiro nome da lista é quase consenso: Simone Tebet deve ser ministra ligada à área das mulheres ou da Agricultura. Marina Silva, eleita deputada, pode voltar ao Ministério do Meio Ambiente, mesmo cargo que ocupou no governo Lula, recuperando a imagem desastrosa que Bolsonaro construiu no exterior com o desmatamento da Amazônia. Já o deputado Alexandre Padilha (PT-SP), cotado para a Fazenda, tem dado entrevistas dizendo que Lula só definirá a âncora fiscal depois que assumir. Se perder o governo em SP, Haddad também entra na briga por essa vaga.

Mercadante

Outro cotado para um posto na área econômica é Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo petista. Ele deu ordens aos publicitários da campanha para explorarem que se Lula for eleito haverá a correção da tabela do Imposto de Renda, prevendo a isenção para quem ganha até R$ 5 mil. O PT está de olho na ampliação dos votos no Sudeste.

Alckmin

O vice Geraldo Alckmin também deve virar ministro, assim como Márcio França, surpreendentemente derrotado pelo astronauta Marcos Pontes para o Senado em SP. Além deles, devem ter pastas na Esplanada dos Ministérios os ex-governadores do Nordeste eleitos no último dia 2 para o Senado, como Flávio Dino (Maranhão) e Wellington Dias (Piauí).

Campeões de gastos

Alguns ministros de Bolsonaro têm especial atração pelo exterior. Fábio Faria e Marcelo Queiroga estão entre os campeões de gastos com viagens internacionais. O titular das Comunicações torrou R$ 337,6 mil entre os périplos, enquanto o da Saúde gastou R$ 293 mil. Eles estão à frente do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, que acumula despesas de R$ 237,8 mil com visitas a outros países.

Retrato Falado

Celso de Mello considerou “reprováveis, preconceituosas e inaceitáveis” as falas de Bolsonaro atribuindo a derrota para Lula
no primeiro turno aos “eleitores analfabetos” do Nordeste. Para “repelir as insultuosas alegações” do presidente, o ex-ministro do STF disse que basta relacionar alguns nordestinos ilustres que brilharam na história do nosso País, entre eles Irmã Dulce, Deodoro da Fonseca, Frei Caneca e dom Hélder Câmara, de um total de 58 personalidades.

Cadê o relatório?

É perturbador o silêncio do Ministério da Defesa sobre o relatório a respeito da integridade das urnas eletrônicas no 1º turno das eleições.

Realizada por orientação de Bolsonaro, que durante meses chegou a afirmar, de forma irresponsável, que
o sistema eleitoral poderia ser submetido a fraudes e o resultado do pleito alterado, está claro que a operação de fiscalização dos militares foi executada sem a constatação de irregularidades.

Caso contrário, o próprio presidente traria eventuais erros a público. Afinal, ameaçou as instituições para reintroduzir o voto impresso. A questão é que o general Nogueira prometeu o relatório em cinco dias e, até agora, nada.

Sem sigilo

Para impedir que o relatório seja entregue pelo ministro a Bolsonaro e seja mantido em sigilo, o Ministério Público de Contas pede a divulgação do resultado da auditoria feita pelos fardados. O TSE e o TCU já asseguraram a confiabilidade do sistema: todos os votos digitados foram registrados corretamente.

O voo de Michelle

Uma das prioridades do presidente é ampliar a vantagem sobre Lula em seu berço eleitoral, o Rio. Líder da bancada evangélica e um dos aliados do mandatário em solo fluminense, Sóstenes Cavalcante afirma que o capitão ainda espera crescer cerca de 10% no estado e, para isso, conta com o desembarque de Michelle Bolsonaro para eventos na região.

Voto feminino

Sóstenes lembra que no segundo turno de 2018 Bolsonaro teve 8% a mais de votos do que conquistou no primeiro turno deste ano. Para garantir a escalada agora, a presidente do PL Mulher, Soraya Santos, está organizando três grandes eventos para serem estrelados pela primeira-dama num único dia no Rio. O foco será a conquista do voto feminino.

A volta da segunda instância

A eleição de Sergio Moro para o Senado, da sua mulher Rosângela e do ex-procurador Deltan Dallagnol para a Câmara, não significa apenas o fortalecimento da bancada da Lava Jato no Congresso. Vai trazer de volta as pautas anticorrupção que eles sempre defenderam, como a prisão após condenação em segunda instância, por mais que a direção de muitos partidos tenham ojeriza ao assunto.

Toma lá da cá

Juliano Medeiros, presidente do PSOL
A que atribui a “onda Bolsonaro” no Sudeste?

Os apoiadores de Simone e Ciro estavam mais concentrados no Sudeste. Tratou-se da migração
de votos de eleitores da chamada terceira via para evitar a vitória de Lula no primeiro turno. Reverteremos o quadro.

Como enxerga a cobrança mais incisiva do mercado a Lula?

Integrantes do mercado não cobram Bolsonaro porque governou para eles nos últimos quatro anos. Cobram Lula sabendo que a sua agenda prioriza o social, mas as respostas de Lula têm sido calibradas.

De que forma?

Quem quiser ajudar o País a crescer e a gerar empregos terá, com o governo, uma relação republicana e de diálogo. Quem quiser ganhar dinheiro desmontando o Estado não será parceiro.

Rápidas

Mas não é só o núcleo petista que faz projeções para o futuro ministério. Caso se reeleja, Bolsonaro pensa em manter o atual ministro Paulo Guedes na Economia e estuda dar mais espaço para os governadores que o apoiam no segundo turno, como os de SP, MG e RJ.

Rodrigo Pacheco (PSD) quer se manter na presidência do Senado no próximo biênio, mas o bolsonarismo pensa em Tereza Cristina e Damares Alves. O PL de Valdemar, que fez 14 senadores, fala em Wellington Fagundes.

Os dois presidenciáveis estão bem servidos com os presidentes de seus partidos à frente das campanhas. Valdemar Costa Neto (PL) foi preso pelo envolvimento com o mensalão e Gleisi Hoffmann (PT), investigada pela Lava Jato.

* Nada como o tempo. Os pais do Real, como Malan, Arida, Armínio e Bacha, fizeram declaração de apoio a Lula e isso deve abrir as portas ao PT na Faria Lima. Na campanha de FH em 1994, o petista detonou o plano.