Futuros dados dos EUA serão muito importantes em decisão de juros, diz Powell

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, afirmou que há dois ou três dados da economia norte-americana que serão “muito importantes” para a decisão de juros na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). Durante discurso no Senado dos EUA, ele sinalizou que a autoridade monetária poderá ampliar o ritmo de aumento de juros caso a “totalidade dos dados” justifique tal caminho.

“Temos mais dois ou três publicações de dados muito importantes para analisar antes da reunião do FOMC. Esses dados serão muito importantes. Nós estaremos olhando para isso”, disse Powell, em fala ao Senado, mais cedo.

O presidente do Fed não detalhou quais seriam esses indicadores. O relatório do mercado de trabalho dos EUA, o chamado payroll, de fevereiro será divulgado nesta sexta-feira, dia 10. Além disso, na semana que vem será conhecido o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do mês passado.

Powell afirmou que os dados da economia no início do ano mostraram condições “mais fortes” do mercado de trabalho norte-americano e também dos gastos dos consumidores, bem como uma inflação mais alta no país. Segundo ele, esses indicadores podem ter sido influenciados por questões sazonais como, por exemplo, o fato de o mês de janeiro ter sido mais quente nos EUA, a despeito do inverno.

No entanto, reforçou que todos apontam na mesma direção. “E eles sugerem a possibilidade de que, em última análise, precisaríamos aumentar as taxas mais do que o esperado”, reforçou.

Meta de inflação

O presidente do Federal Reserve descartou a possibilidade de alterar a meta de inflação dos Estados Unidos de 2% ao ano. “Achamos que é realmente importante nos atermos a uma meta de inflação de 2% e não consideramos alterá-la. Nós não vamos fazer isso”, disse.

Segundo ele, as pessoas viverão melhor sem a sombra de uma inflação elevada no país. “Essa é a definição de estabilidade de preços: as pessoas vivem suas vidas sem ter que pensar na inflação o tempo todo”, disse.

Ele alertou ainda que os custos de não controlar a inflação nos EUA podem ser “muito, muito elevados”. Segundo Powell, sem o controle da inflação, a economia dos EUA estará fadada a “altos e baixos”.

Questionado por senadores, ele disse ainda que o Fed não busca nem acredita que seja necessária uma “retração significativa” no mercado de trabalho para conseguir controlar a inflação no país.

Dívida

O presidente do Federal Reserve alertou também para o fato de que o crescimento da dívida americana em um ritmo superior ao da economia, no longo prazo, é “insustentável”. “Temos claramente a maior economia do mundo, você sabe, podemos pagar essa dívida. Esse não é o problema. O problema é que estamos em um caminho em que a dívida está crescendo substancialmente mais rápido do que a economia”, alertou Powell. “E isso é, por definição, insustentável a longo prazo”, acrescentou.

De acordo com Powell, a maneira como os países lideram com o problema de uma dívida crescendo em um ritmo superior ao das economias foi a adoção de programas de longo prazo, com apoio bipartidário e, em seguida, abordando o real problema no orçamento. “Essa é realmente a fórmula”, resumiu.

Mais cedo, o presidente do BC dos EUA voltou a pedir que o Congresso aprove o aumento do teto da dívida do país. Segundo ele, as consequências são difíceis de estimar, mas podem ser “extraordinariamente adversas” e “causar danos duradouros”.