13/11/2024 - 10:42
SÃO PAULO, 13 NOV (ANSA) – Uma mesa redonda organizada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, Estados Unidos, discutiu o futuro do café em um cenário de mudanças climáticas sem precedentes, com efeitos que vão desde a estiagem no Brasil a eventos extremos no Vietnã, colocando em risco o sustento de mais de 12,5 milhões de cafeicultores no mundo todo, em sua maioria pequenos proprietários de terra.
O evento foi promovido pela empresa italiana illycaffè, à margem do Prêmio Internacional Ernesto Illy, com moderação de Clare Reichenbach, CEO da James Beard Foundation.
A mesa redonda reuniu importante líderes do setor de café e da sustentabilidade, incluindo Andrea Illy, presidente da illycaffè e copresidente da Regenerative Society Foundation; Massimo Bottura, chef de fama mundial e embaixador da boa vontade das Nações Unidas; Jamil Ahmad, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) em Nova York; Andrea De Marco, gestor de projetos da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido); Raina Lang, diretora sênior de café sustentável da ONG Conservation International; e a brasileira Vanusia Nogueira, diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC).
O painel discutiu a urgência de converter o cultivo mundial de café em um modelo regenerativo para aumentar sua resiliência, melhorar os meios de subsistência de cafeicultores e reduzir o impacto ambiental dos plantios, inclusive por meio de um fundo público-privado de US$ 10 bilhões (R$ 57 bilhões) nos próximos 10 anos, voltado sobretudo a pequenos produtores.
“Desde a Expo Milão 2015, trabalhamos incansavelmente para construir um quadro que proteja o café para as gerações futuras”, declarou Illy durante o debate. “A agricultura regenerativa demonstrou que pode produzir altos rendimentos e qualidade, ao mesmo tempo em que recupera os recursos naturais.
Precisamos agir rapidamente para aplicar essas soluções em nível global através de um fundo internacional”, acrescentou.
Bottura, por sua vez, destacou que é preciso transformar o ato de beber uma xícara de café em uma “ação consciente”. “Essa mudança tem impacto direto e positivo para aqueles que produzem e cultivam café, favorecendo um futuro sustentável para as comunidades de cafeicultores”, ressaltou.
Já Nogueira disse que os produtores de café, sobretudo pequenos agricultores de regiões em desenvolvimento, enfrentam “desafios sem precedentes que ameaçam seus meios de subsistência e seu patrimônio cultural”. “Esse fundo é um passo fundamental para construir a resiliência e preservar o futuro do café.
Juntos podemos permitir que essas comunidades se adaptem, prosperem e continuem compartilhando o café com o mundo”, afirmou. (ANSA).