08/10/2024 - 14:01
VATICANO, 8 OUT (ANSA) – O arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, defendeu nesta terça-feira (8) uma abertura da Igreja Católica para discutir “com franqueza” a questão da ordenação de homens casados como padres.
O religioso brasileiro é um dos 21 nomes indicados pelo papa Francisco para tornar-se cardeal no consistório que será realizado no próximo dia 8 de dezembro.
Considerando o número cada vez menor de padres e as áreas cada vez maiores que eles precisam cobrir, Spengler disse que a possibilidade da ordenação dos chamados “viri probati” – homens casados, de fé comprovada e capazes de administrar espiritualmente uma comunidade de fiéis – “necessita de um estudo mais aprofundado”.
“Não sei se a possibilidade de homens casados assumirem o papel de sacerdotes é ou poderia ser a melhor solução, mas precisamos de franqueza e abertura em relação a esta questão”, afirmou o arcebispo no briefing diário sobre o Sínodo que acontece no Vaticano em outubro.
Dom Spengler informou ainda que, na sua diocese, paróquias já estão sendo confiadas a diáconos permanentes casados. “Num futuro, espero que não muito distante, estes homens poderiam ser ordenados presbíteros para uma comunidade específica”, defendeu ele, acrescentando que “é necessária abertura” da Igreja Católica.
“Não sei qual é o caminho certo, não tenho uma resposta pronta, mas, sim, devemos enfrentar esta questão com coragem, levando em conta o que está escrito na Bíblia e na tradição, mas também considerando os sinais dos tempos”, concluiu.
A Igreja Católica ensina que o sacerdote deve dedicar-se totalmente à sua vocação, tomando essencialmente a Igreja como esposa. No entanto, embora o celibato seja uma tradição, não é considerado imutável e tem sido tema de debates.
Apesar de já ter rejeitado a possibilidade de ordenação de homens casados como padres na Amazônia em 2019, o Papa disse no ano passado que o celibato dentro da Igreja Católica poderia ser “revisado” porque é uma “receita temporal”.
“Não há contradição para um padre poder se casar. O celibato na Igreja ocidental é uma prescrição temporal. Não sei se é resolvido de uma forma ou de outra, mas é temporário nesse sentido”, declarou Francisco na ocasião. (ANSA).