O futebol voltou aos gramados da Alemanha neste sábado (16) e será possível passear na praia na França e na Grécia. Seriam notícias banais há alguns meses, mas, em um mundo paralisado por uma pandemia que deixou mais de 305.000 mortos, são uma vitória no paulatino retorno à normalidade.

A liga alemã é o primeiro campeonato importante a ser retomado após semanas de confinamento e acontecerá a portas fechadas, em cinco estádios do país.

“O mundo inteiro está nos observando”, disse o técnico do Bayern de Munique, Hansi Flick, consciente de que “pode ser um sinal para todas as outras ligas”.

Os franceses terão seu primeiro final de semana com liberdade para percorrer no máximo de 100 quilômetros, respeitando os regulamentos de distância e de higiene.

Aproveitando o sol, muitos parisienses decidiram ir às florestas perto de Paris para respirar e apreciar um pouco da natureza. Vários locais turísticos emblemáticos, como o Mont Saint-Michel, ou o santuário de Lourdes, abriram suas portas neste sábado. O ingresso é permitido apenas para visitantes locais, devido às restrições de movimento no país, onde mais de 27.500 pessoas já morreram de coronavírus.

As praias também estão liberadas para a prática de esportes individuais e caminhadas – nunca em grupo. Tomar banhos de sol e fazer piqueniques na areia continuam sendo prazeres indisponíveis no momento.

– Distância, desinfecção e álcool –

Mais ao sul, a Grécia reabriu suas 515 praias particulares, mas com a condição de que regras estritas sejam respeitadas. Entre elas, manter uma distância de pelo menos quatro metros do guarda-sol vizinho. As praias públicas foram reabertas em 4 de maio, primeiro dia do desconfinamento gradual no país.

Na Itália, o terceiro país do mundo mais afetado pela pandemia, com um saldo de 31.600 mortes e onde o turismo é uma renda essencial, a costa também se prepara para receber visitantes com todas as medidas de precaução possíveis – distância, desinfecção de áreas comuns, ou distribuidores de álcool em gel.

A Basílica de São Pedro, no Vaticano, será aberta na segunda-feira. Hoje, o governo anunciou que todas as suas fronteiras estarão abertas aos cidadãos da União Europeia (UE), a partir de 3 de junho, e sem a obrigação de permanecer 14 dias em quarentena ao chegarem ao país.

A Alemanha fará o mesmo em 15 de junho, embora já tenha aberto sua fronteira com o Luxemburgo neste sábado e facilitado as condições de passagem nas travessias com Áustria e Suíça.

– Chile na quarentena –

A situação é muito diferente na América Latina, onde a pandemia não para e já deixou 25.690 mortos e 454.107 infecções. Os sete milhões de habitantes de Santiago, no Chile, iniciaram um confinamento total na sexta-feira, diante dos novos casos registrados nos últimos dias.

As ruas da capital estavam vazias ao anoitecer, e 14.000 funcionários das forças de segurança estavam mobilizados para monitorar o respeito ao toque de recolher nacional.

No país, foram registradas até agora quase 40.000 casos de coronavírus e 394 óbitos. Nos últimos dias, o número de novos casos saltou de cerca de 500 por dia para quase 1.000, levando as autoridades a endurecer as restrições.

“Estamos entrando no estágio mais difícil, onde são necessários maior solidariedade, maior controle um do outro. Por favor, use a máscara, não saia nesta situação”, implorou o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.

No Brasil, o país latino-americano mais atingido pela COVID-19, com 202.000 casos e quase 14.000 mortes, o ,ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich, deixou o cargo por “incompatibilidades” com o presidente Jair Bolsonaro sobre os protocolos a serem adotados na luta contra a pandemia.

Teich, de 62 anos, ficou menos de um mês no cargo. Em 17 de abril, substituiu o médico Luiz Henrique Mandetta, favorável a medidas de isolamento social. Para Bolsonaro, o confinamento horizontal pode ser pior do que a doença, por seus efeitos econômicos.

De acordo com especialistas, o número de casos pode ser até 15 vezes maior, em um país sem uma ampla campanha de testes de detecção em massa.

O presidente colombiano, Iván Duque, anunciou ter alcançado vários acordos com o Brasil para lutarem juntos contra a pandemia na fronteira que compartilham na Amazônia. Entre eles, há cooperação militar e de saúde para prevenir infecções nessa região.

Também entre os países mais afetados da região, o México já registra 4.767 mortes, de acordo com os números divulgados na sexta-feira, ou seja, supera a China, onde a COVID-19 surgiu em dezembro passado.

– Necrotérios em colapso –

Todos os dias, surgem imagens dramáticas da pandemia no mundo inteiro. Em Mumbai, na Índia, os necrotérios estão cheios, há corpos nas enfermarias dos hospitais, alguns pacientes precisam dividir o leito, e os profissionais de saúde estão exaustos.

Com cerca de 18 milhões de habitantes, Mumbai tem quase 17.000 casos confirmados de COVID-19, mais do que o dobro da capital, Nova Délhi.

“O sistema está sob enorme pressão, explode”, relata o médico de UTI Deepak Baid.

O impacto econômico da pandemia é inimaginável por enquanto. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), as transações internacionais registrarão “perdas de dois dígitos” em quase todas as regiões do mundo. O efeito é especialmente terrível no setor aéreo.

Na sexta-feira, a chileno-brasileira LATAM Airlines anunciou que demitirá 1.400 funcionários de suas subsidiárias no Chile, na Colômbia, no Equador e no Peru como resultado da redução drástica de suas operações pela pandemia.

A Air Canada também informou que terá de cortar pela metade seu quadro de 38.000 funcionários.

– Esperança de vacina –

Nos Estados Unidos, o país mais afetado do mundo, com 87.493 mortes, o desemprego já afeta 15% da população, um número recorde.

Em Washington, a Câmara dos Representantes votou um histórico plano de ajuda de US$ 3 trilhões na sexta-feira. O texto apresentado pelos democratas foi rejeitado pelo presidente Donald Trump e pelos republicanos, que são a maioria no Senado.

Embora o desconfinamento tenha começado ontem em partes da Virgínia e de Maryland, Nova York, o pulmão econômico do país e epicentro nacional do vírus, com mais de 20.000 mortes, permanecerá confinada até 28 de maio pelo menos.

Trump voltou a prever a descoberta de uma vacina até o final do ano – “talvez antes”.

Neste sábado, a ministro francesa de Pesquisa, Frédérique Vidal foi mais prudente e afirmou que a primeira vacina não estará disponível antes de 18 meses.

“Não é razoável pensar que podemos ir mais rápido, exceto se decidirmos colocar a saúde das pessoas em risco”, afirmou.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) está considerando o período de um ano, no caso mais “otimista”.

No total, existem 100 projetos de vacinas no mundo, e alguns ensaios clínicos estão em andamento, cinco deles na China.

Na segunda-feira, os 194 membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) terão uma reunião por teleconferência para tentar coordenar uma resposta à pandemia, um compromisso que pode ser dominado pela tensão entre China e Estados Unidos.

Diante da pandemia, há quem escolha a originalidade. Em Washington, um restaurante premiado decidiu colocar manequins vestidos em várias mesas para garantir, quando reabrir no final de maio, a distância entre os clientes e lhes dar a oportunidade de tirarem fotos divertidas.

burs-bl/es/tt

O futebol voltou aos gramados da Alemanha neste sábado (16) e será possível passear na praia na França e na Grécia. Seriam notícias banais há alguns meses, mas, em um mundo paralisado por uma pandemia que deixou mais de 305.000 mortos, são uma vitória no paulatino retorno à normalidade.

A liga alemã é o primeiro campeonato importante a ser retomado após semanas de confinamento e acontecerá a portas fechadas, em cinco estádios do país.

“O mundo inteiro está nos observando”, disse o técnico do Bayern de Munique, Hansi Flick, consciente de que “pode ser um sinal para todas as outras ligas”.

Os franceses terão seu primeiro final de semana com liberdade para percorrer no máximo de 100 quilômetros, respeitando os regulamentos de distância e de higiene.

Aproveitando o sol, muitos parisienses decidiram ir às florestas perto de Paris para respirar e apreciar um pouco da natureza. Vários locais turísticos emblemáticos, como o Mont Saint-Michel, ou o santuário de Lourdes, abriram suas portas neste sábado. O ingresso é permitido apenas para visitantes locais, devido às restrições de movimento no país, onde mais de 27.500 pessoas já morreram de coronavírus.

As praias também estão liberadas para a prática de esportes individuais e caminhadas – nunca em grupo. Tomar banhos de sol e fazer piqueniques na areia continuam sendo prazeres indisponíveis no momento.

– Distância, desinfecção e álcool –

Mais ao sul, a Grécia reabriu suas 515 praias particulares, mas com a condição de que regras estritas sejam respeitadas. Entre elas, manter uma distância de pelo menos quatro metros do guarda-sol vizinho. As praias públicas foram reabertas em 4 de maio, primeiro dia do desconfinamento gradual no país.

Na Itália, o terceiro país do mundo mais afetado pela pandemia, com um saldo de 31.600 mortes e onde o turismo é uma renda essencial, a costa também se prepara para receber visitantes com todas as medidas de precaução possíveis – distância, desinfecção de áreas comuns, ou distribuidores de álcool em gel.

A Basílica de São Pedro, no Vaticano, será aberta na segunda-feira. Hoje, o governo anunciou que todas as suas fronteiras estarão abertas aos cidadãos da União Europeia (UE), a partir de 3 de junho, e sem a obrigação de permanecer 14 dias em quarentena ao chegarem ao país.

A Alemanha fará o mesmo em 15 de junho, embora já tenha aberto sua fronteira com o Luxemburgo neste sábado e facilitado as condições de passagem nas travessias com Áustria e Suíça.

– Chile na quarentena –

A situação é muito diferente na América Latina, onde a pandemia não para e já deixou 25.690 mortos e 454.107 infecções. Os sete milhões de habitantes de Santiago, no Chile, iniciaram um confinamento total na sexta-feira, diante dos novos casos registrados nos últimos dias.

As ruas da capital estavam vazias ao anoitecer, e 14.000 funcionários das forças de segurança estavam mobilizados para monitorar o respeito ao toque de recolher nacional.

No país, foram registradas até agora quase 40.000 casos de coronavírus e 394 óbitos. Nos últimos dias, o número de novos casos saltou de cerca de 500 por dia para quase 1.000, levando as autoridades a endurecer as restrições.

“Estamos entrando no estágio mais difícil, onde são necessários maior solidariedade, maior controle um do outro. Por favor, use a máscara, não saia nesta situação”, implorou o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.

No Brasil, o país latino-americano mais atingido pela COVID-19, com 202.000 casos e quase 14.000 mortes, o ,ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich, deixou o cargo por “incompatibilidades” com o presidente Jair Bolsonaro sobre os protocolos a serem adotados na luta contra a pandemia.

Teich, de 62 anos, ficou menos de um mês no cargo. Em 17 de abril, substituiu o médico Luiz Henrique Mandetta, favorável a medidas de isolamento social. Para Bolsonaro, o confinamento horizontal pode ser pior do que a doença, por seus efeitos econômicos.

De acordo com especialistas, o número de casos pode ser até 15 vezes maior, em um país sem uma ampla campanha de testes de detecção em massa.

O presidente colombiano, Iván Duque, anunciou ter alcançado vários acordos com o Brasil para lutarem juntos contra a pandemia na fronteira que compartilham na Amazônia. Entre eles, há cooperação militar e de saúde para prevenir infecções nessa região.

Também entre os países mais afetados da região, o México já registra 4.767 mortes, de acordo com os números divulgados na sexta-feira, ou seja, supera a China, onde a COVID-19 surgiu em dezembro passado.

– Necrotérios em colapso –

Todos os dias, surgem imagens dramáticas da pandemia no mundo inteiro. Em Mumbai, na Índia, os necrotérios estão cheios, há corpos nas enfermarias dos hospitais, alguns pacientes precisam dividir o leito, e os profissionais de saúde estão exaustos.

Com cerca de 18 milhões de habitantes, Mumbai tem quase 17.000 casos confirmados de COVID-19, mais do que o dobro da capital, Nova Délhi.

“O sistema está sob enorme pressão, explode”, relata o médico de UTI Deepak Baid.

O impacto econômico da pandemia é inimaginável por enquanto. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), as transações internacionais registrarão “perdas de dois dígitos” em quase todas as regiões do mundo. O efeito é especialmente terrível no setor aéreo.

Na sexta-feira, a chileno-brasileira LATAM Airlines anunciou que demitirá 1.400 funcionários de suas subsidiárias no Chile, na Colômbia, no Equador e no Peru como resultado da redução drástica de suas operações pela pandemia.

A Air Canada também informou que terá de cortar pela metade seu quadro de 38.000 funcionários.

– Esperança de vacina –

Nos Estados Unidos, o país mais afetado do mundo, com 87.493 mortes, o desemprego já afeta 15% da população, um número recorde.

Em Washington, a Câmara dos Representantes votou um histórico plano de ajuda de US$ 3 trilhões na sexta-feira. O texto apresentado pelos democratas foi rejeitado pelo presidente Donald Trump e pelos republicanos, que são a maioria no Senado.

Embora o desconfinamento tenha começado ontem em partes da Virgínia e de Maryland, Nova York, o pulmão econômico do país e epicentro nacional do vírus, com mais de 20.000 mortes, permanecerá confinada até 28 de maio pelo menos.

Trump voltou a prever a descoberta de uma vacina até o final do ano – “talvez antes”.

Neste sábado, a ministro francesa de Pesquisa, Frédérique Vidal foi mais prudente e afirmou que a primeira vacina não estará disponível antes de 18 meses.

“Não é razoável pensar que podemos ir mais rápido, exceto se decidirmos colocar a saúde das pessoas em risco”, afirmou.

A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) está considerando o período de um ano, no caso mais “otimista”.

No total, existem 100 projetos de vacinas no mundo, e alguns ensaios clínicos estão em andamento, cinco deles na China.

Na segunda-feira, os 194 membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) terão uma reunião por teleconferência para tentar coordenar uma resposta à pandemia, um compromisso que pode ser dominado pela tensão entre China e Estados Unidos.

Diante da pandemia, há quem escolha a originalidade. Em Washington, um restaurante premiado decidiu colocar manequins vestidos em várias mesas para garantir, quando reabrir no final de maio, a distância entre os clientes e lhes dar a oportunidade de tirarem fotos divertidas.

burs-bl/es/tt