Muitos comentários na Alemanha coincidiam em pedir mudanças no futebol do país após a eliminação na Copa do Mundo, mas os jogadores e especialistas são cautelosos sobre a questão do técnico, com a maioria apoiando a permanência de Joachim Löw no comando da equipe.

“As mudanças sempre acontecem após as competições. Qual será a amplitude dessas mudanças agora? Não faço a menor ideia”, admitiu Toni Kroos em Kazan, depois da derrota por 2 a 0 para a Coreia do Sul.

A capacidade para analisar as catástrofes e os fracassos para extrair lições é uma característica cultural na Alemanha.

A eliminação na primeira fase da Eurocopa-2004 deu início a uma autêntica revolução: Jürgen Klinsmann assumiu o cargo de técnico da Alemanha e mudou toda a equipe, trazendo ideias inovadoras sobre formação, tática, preparação física e mental dos jogadores da Mannschaft.

Löw, que era seu assistente na época, seguiu essa linha em 2006 e, desde então, a Alemanha chegou pelo menos às semifinais de todos os grandes torneios, uma sequência encerrada na Rússia.

O título mundial de 2014 serve para mitigar as conclusões precipitadas sobre o papel de Löw nesse fracasso, e os jogadores parecem apoiar o treinador.

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“Todos estamos convencidos com sua maneira de atuar”, declarou Thomas Muller. “É o técnico que nos convém”, concordou Julian Draxler, enquanto Joshua Kimmich garantia que Löw “tem que continuar”.

O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Reinhard Grindel, havia assumido o risco de confirmar seu técnico no cargo poucas horas antes da partida contra os sul-coreanos: “Antes da Copa, decidimos renovar o contrato de Joachim Löw (até 2022) porque pensamos que ninguém melhor do que ele pode liderar a reconstrução que será indispensável depois da Copa, aconteça o que acontecer”.

Em pleno choque pós-eliminação, Löw deixou a porta aberta a todas as opções em relação a seu futuro: “É cedo demais para responder, preciso de algumas horas para enxergar com mais clareza. A decepção é muito profunda. Vamos conversar e veremos como seguir”.

– Uma questão de idade –

As críticas também recaem nos jogadores, com uma “Geração Dourada” que alcançou o céu em 2014, mas se vê no inferno quatro anos depois.

“É preciso uma renovação profunda agora”, afirma o ex-jogador Uli Stein. “É preciso apostar em jogadores jovens, que tenham fome e motivação, porque os jogadores já acomodados decepcionaram”, continuou.

O problema é que alguns dos pesos pesados da velha geração ainda têm vários anos de carreira pela frente: Toni Kroos e Thomas Muller tem 28 anos, enquanto Mats Hummels, Mesut Ozil e Jerome Boateng tem 29.

“Não vou anunciar minha aposentadoria da seleção na minha idade”, já adiantou na quarta-feira Muller.

Löw, antes da Copa da Rússia, havia refletido sobre a Mannschaft do futuro: “Está chegando uma nova geração. Em quatro anos, jogadores como Kimmich, (Timo) Werner, (Leroy) Sané, (Niklas) Süle, (Julian) Brandt e (Leon) Goretzka estarão em seu auge. Para mim é uma grande motivação”.

Mas, nesse plano, Löw esperava que os jovens pudessem aprender dos mais velhos.

Agora, é preciso decidir se o revezamento geracional será acelerado, já pensando nas partidas contra Holanda e França pela recém-criada Liga das Nações, entre setembro e novembro.


Resta saber se, nessas partidas, Löw estará no comando.

cpb/pga/am


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