Sim, o Rio de Janeiro continua lindo, mas, igualmente, “o purgatório da beleza e do caos”. Os últimos seis governadores do estado ou foram afastados ou presos. Desde 1982, não há um só governante do executivo fluminense que não tenha se deparado com um oficial de Justiça batendo-lhe à porta.

Se a política do Rio de Janeiro é assídua das páginas policiais, melhor sorte, infelizmente, não socorre o futebol (nacional), já que os últimos cinco presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com sede na capital do estado, ou foram afastados do cargo ou mesmo banidos do futebol mundial.

FIFA NA ÁREA

Nosso último “perrengue-chique” foi o afastamento provisório do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o baiano Ednaldo Rodrigues, contestado na Justiça comum – o que é vedado pela FIFA -, com possíveis consequências desastrosas (até mesmo exclusão) para a Seleção e os clubes brasileiros.

Uma comissão da entidade máxima do futebol mundial promete desembarcar em solo tupiniquim, no próximo dia 8 de janeiro (eita, dia complicado!), para se inteirar “in loco” do tema e exigir as providências que julgar necessárias. Vocês sabem como é, né? Manda quem pode, obedece quem tem juízo. E o Brasil, espero, terá.

STF

Em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) sobre o assunto tem causado bastante constrangimento – obviamente em quem ainda se sente constrangido com certas “brasuquidades”. O processo foi proposto pelo PCdoB e será julgado por Gilmar Mendes.

Ocorre que o super ministro é dono do, digamos onipresente, Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, o IDP, que promove cursos e seminários com a altíssima casta dos três Poderes e a nata do empresariado nacional. O instituto é, também, parceiro comercial da CBF, nomeado por Ednaldo.

ELEIÇÕES

Em meio a toda essa confusão, um manifesto, publicado ao apagar das luzes de 2023, reuniu oito federações e trinta clubes das séries A e B, em apoio ao atual presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Bastos, como pré-candidato à Presidência da CBF. A eleição da entidade ainda não tem data para ocorrer.

O outro possível pré-candidato é Flávio Zveiter, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e ex-vice-presidente da própria CBF, representante, há décadas, da família Zveiter, que comanda com mãos de ferro e grande poder e influência o futebol carioca, e, por que não dizer?, o futebol brasileiro.

FEDERAÇÕES

Em Minas Gerais, um fato chama a atenção: os três principais clubes do estado (Atlético, Cruzeiro e América) assinaram o manifesto em apoio ao presidente da Federação Paulista, que citei acima. Porém, a Federação Mineira de Futebol (FMF), que deveria, em tese, representar os clubes, não se pronunciou até o momento.

Nosso futebol é altamente regionalizado e politizado, à imagem e semelhança da política nacional. As administrações estaduais, via de regra, preferem o caminho da adesão ao conflito. Tal vício se reflete, obviamente, na CBF, onde cargos e favorecimentos são distribuídos aos aliados. Espero, contudo, que não seja o caso, e que a FMF apoie seus filiados, já que a união trará benefícios recíprocos.