O senador Plínio Valério (PSDB-AM), único representante do partido no Senado, declarou que poderá deixar a sigla caso seja confirmada a fusão ou incorporação com o PSD, presidido pelo ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.
“Se tiver a fusão ou a incorporação, não teria como ficar”, disse em entrevista ao site Poder360, nesta segunda-feira, 27.
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O tucano afirmou que aguardará uma posição oficial antes de tomar qualquer decisão e que pretende ouvir a direção nacional da agremiação. Ele argumenta que sua resistência ao processo está ligada às alianças mantidas pelo PSD com PT e MDB.
“Não me vejo numa fusão, numa incorporação com o PSD, com o MDB, com o PT. Não me vejo, não tem como. Mas eu só vou me preocupar com isso depois da reunião da nacional”, explicou.
Enquanto as legendas mencionadas pelo parlamentar comandam ministérios no governo Lula (PT) e se alinham ao Palácio do Planalto em votações relevantes, o Valério faz oposição à administração petista.
Derrocada no ninho
Presidente do diretório estadual tucano no Amazonas, Valério é o único senador remanescente no PSDB. Fundado em 1988, o partido elegeu nove senadores já no primeiro pleito que disputou, em 1990 e chegou a alcançar 16 representantes na Casa em 1998. Desde então, sempre teve bancada.
A perda de expressão no Senado conflui com uma redução geral nos quadros da sigla, que fez a menor bancada de deputados federais em 2022 (13), elegeu 273 prefeitos em 2024, numa redução de 250 em relação às eleições municipais de 2020, e amargou seu pior desempenho da história em São Paulo, cidade onde foi fundado.
Caminho possível
O PSDB está federado ao Cidadania, que não tem representantes no Senado, em uma parceria que não é consensual entre seus dirigentes. A direção já negociou acordos com Cidadania, PDT e Podemos, encarando as possíveis uniões como único caminho para não perder o fundo eleitoral nos próximos anos. A alternativa foi reconhecida pelo presidente da legenda em São Paulo, Paulo Serra, em entrevista ao site IstoÉ.
Em 15 de janeiro, Marconi Perillo, presidente nacional do PSDB, confirmou os planos de anunciar uma fusão ou incorporação até o mês de março. As negociações que mais avançaram desde então foram com o PSD.
As boas relações que os governadores tucanos — Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul, e Raquel Lyra, de Pernambuco — nutrem com quadros do PSD em seus estados facilitam o processo. Lyra, inclusive, negociou uma migração ao partido de Kassab antes dessa negociação.