O furacão Beryl subiu na noite desta quinta-feira (04) para a categoria 3 em uma escala de 5, horas antes de tocar a costa caribenha do México, abandonada por centenas de turistas e onde dezenas de voos foram cancelados.

Beryl possui ventos máximos sustentados de 185 km/h e estava a 260 km de Tulum, cidade turística localizada a cerca de duas horas de Cancún, no estado de Quintana Roo, segundo o último relatório divulgado pelo Centro Nacional de Furacões (NHC, sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Espera-se que o furacão, que deixou sete mortos em sua passagem pelas ilhas do Caribe e da Venezuela, atinja o México nas próximas horas. Em seguida, deve continuar pela Península de Yucatán, acrescentou o NHC.

Cerca de 100 voos domésticos e internacionais programados para hoje e amanhã foram cancelados no Aeroporto de Cancún, o principal terminal aéreo do Caribe mexicano.

Em Tulum, onde o governo ordenou a suspensão das atividades a partir das 18h, horário de Brasília, a população reforçou a proteção dos estabelecimentos com tábuas de madeira enquanto os supermercados fecharam as portas, observou uma equipe da AFP.

Enquanto isso, o aeroporto de Tulum – um município com cerca de 47.000 habitantes – suspendeu suas operações à tarde.

Vários turistas foram evacuados dos hotéis ao longo da costa, enquanto outros tentavam sair da zona de impacto de ônibus. No entanto, alguns ainda aproveitavam um dia ensolarado na praia antes de se refugiarem em seus alojamentos.

“Nosso voo foi cancelado e tivemos que pagar por duas noites adicionais (de hotel). Estamos um pouco temerosos, mas estamos convencidos de que as pessoas estão preparadas e sabem o que fazer”, disse Virginia Rebollar, uma turista mexicana que viajou com outros três familiares.

A Defesa Civil também ordenou a suspensão das atividades em Felipe Carrillo Puerto e José María Morelos, no estado de Quintana Roo, as áreas que devem ser mais afetadas pelo ciclone.

O Exército mexicano desdobrou cerca de 8.000 soldados em Tulum e anunciou que está preparado com suprimentos alimentares e 34.000 litros de água purificada para distribuir à população.

– Impacto duplo no México –

O governo havia estimado que Beryl atingiria a costa mexicana como furacão de categoria 1, cruzando a Península de Yucatán e entrando no Golfo do México.

Está previsto que o furacão ganhe força sobre o mar para entrar novamente no território mexicano pelo estado de Tamaulipas, na fronteira com os Estados Unidos.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, mencionou anteriormente que também está sendo preparado um plano de contingência para essa área.

Beryl é o primeiro furacão da temporada do Atlântico, que vai de início de junho até o final de novembro, e impressionou os especialistas pela intensidade que adquiriu ao longo do fim de semana.

Os serviços meteorológicos dos Estados Unidos o classificaram temporariamente como um furacão de categoria 5, o que fez dele o furacão mais precocemente registrado na categoria máxima.

Os cientistas acreditam que as mudanças climáticas, ao aquecerem as águas do oceano, favorecem essas tempestades e aumentam as chances de que se intensifiquem rapidamente.

– Danos no Caribe –

Beryl causou sete mortes: três delas em Granada, onde a tempestade tocou o solo na segunda-feira; uma em São Vicente e Granadinas e outras três na Venezuela, segundo autoridades locais. Nas Ilhas Cayman, houve relatos de cortes de energia e inundações.

Beryl deixou mais de 400.000 habitantes sem eletricidade durante sua passagem pela Jamaica na quarta-feira.

O rei Charles III disse estar “profundamente entristecido” pela destruição deixada pela tempestade, segundo comunicado emitido nesta quinta-feira pelo Palácio de Buckingham.

O primeiro-ministro de Granada, Dickon Mitchell, declarou que a ilha de Carriacou ficou praticamente isolada, com casas, telecomunicações e instalações de combustível arrasadas. Seu colega em São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, afirmou que “90% das casas” foram destruídas em Union Island e alertou que a reconstrução precisará de um grande esforço.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) alertou no final de maio que a temporada estava se configurando como extraordinária, com a possibilidade de quatro a sete furacões de categoria 3 ou superior.

Essas previsões estão relacionadas, em particular, com o desenvolvimento esperado do fenômeno meteorológico La Niña, assim como com temperaturas muito altas no oceano Atlântico, de acordo com a NOAA.

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