O furacão Oscar tocou o solo neste domingo (20) no leste de Cuba, com ventos máximos sustentados próximos a 130 quilômetros por hora, informou o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.

“As imagens de satélite e os dados de radar indicam que Oscar tocou terra na província cubana de Guantánamo, perto da cidade de Baracoa”, às 17h50 locais (18h50 de Brasília), disse o NHC em um comunicado.

No escuro há dois dias

Os cubanos estão sem energia há mais de dois dias, depois que uma falha técnica na usina termoelétrica de Antonio, a maior da ilha, causou o colapso do sistema elétrico nacional na sexta-feira, 18.

O governo cubano espera que a energia seja restaurada na noite de segunda-feira para a grande maioria da ilha. “Podemos falar sobre o restabelecimento do serviço para a maioria dos cubanos amanhã de manhã, à tarde, à noite”, disse o Ministro de Energia e Minas, Vicente de la O Levy, em uma coletiva de imprensa, especificando que “o último cliente poderia talvez estar recebendo (o serviço) na próxima terça-feira”.

O ministro explicou que as autoridades estavam se preparando para os danos às linhas de transmissão devido aos fortes ventos que já afetavam parte do país.

Cotidiano impactado

As autoridades suspenderam as aulas e as atividades essenciais de trabalho até quarta-feira, apenas hospitais e serviços vitais para a população continuarão funcionando.

“Este apagão dificultou muito a vida dos cubanos. A situação é muito difícil, mas tento manter a calma, porque já existe muito estresse neste país”, disse à AFP Yaima Valladares, uma dançarina de 28 anos.

A dona de casa Isabel Rodríguez, 72 anos, reclama de não conseguir dormir. “Como é que as nossas vidas não serão afetadas, se não tivermos nada, nem mesmo os motores hidráulicos podem ligar”, disse ela.

“Minha geladeira está descongelada há três dias e tenho medo de que estrague tudo”, explicou Adismary Cuza, um trabalhador privado de 56 anos, que está desesperado.

“Dois dias sem eletricidade, o que é esse senhor, o que vai acontecer? Os cubanos estão cansados de tanta coisa”, acrescenta Serguei Castillo, 68 anos, que está tão preocupado quanto Cuza.

Na quinta-feira, Díaz-Canel disse que a crise se deve à dificuldade de aquisição do combustível necessário ao sistema elétrico, devido ao embargo que Washington aplica à ilha desde 1962.

Nesse mesmo dia, o governo anunciou a paralisação dos trabalhos em estatais para enfrentar a crise que nas últimas semanas deixou a população de várias.

Sistema precário

Na ilha, a eletricidade é gerada por oito usinas termoelétricas desgastadas e dependentes de combustível, algumas das quais quebraram ou estão passando por manutenção, além de várias usinas flutuantes – que o governo aluga para empresas turcas – e geradores.

A maior parte dessa infraestrutura precisa de combustível para funcionar.

Com a escassez de alimentos e medicamentos, o aumento da inflação e os apagões crônicos que limitam o desenvolvimento das atividades produtivas, Cuba está enfrentando a pior crise econômica das últimas três décadas.

Os apagões foram um dos gatilhos para as manifestações históricas de 11 de julho de 2021.