A Flórida enfrenta grandes inundações nesta quarta-feira (30), após a passagem do furacão Idalia, agora convertido em tempestade tropical, que arrancou árvores e linhas de energia em sua passagem e agora atinge o estado da Geórgia.

Idalia tocou o solo da costa noroeste da Flórida às 07h45 (08h45 no horário de Brasília) perto de Keaton Beach, na Flórida, como um furacão de categoria 3 de 5, e com ventos de até 205 km/h, de acordo com o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.

O fenômeno natural provocou uma rápida elevação do nível da água em algumas localidades da costa oeste da Flórida (sudeste), ainda que até agora não haja vítimas confirmadas, disse o governador Ron DeSantis em coletiva de imprensa.

Em Perry, uma cidade na trajetória do furacão, dezenas de árvores foram derrubadas. Enquanto os trabalhadores municipais tentavam limpar as ruas, os moradores locais conferiam quais foram os danos.

Um pinheiro caiu sobre a casa de John Kallschmidt, de 76 anos, que diz que foi uma experiência “aterrorizante”. “Foi pior do que esperávamos, declarou à AFP. “Mas assim são as coisas, assim é a vida na Flórida”.

– “A salvo” –

Em Steinhatchee, uma pequena cidade costeira de 1.000 habitantes 30 quilômetros ao sul de Keaton Beach, a rua principal, quase deserta, foi completamente inundada e parecia a extensão de um rio da região.

Patrick Boland optou por permanecer em sua casa, em vez de deixar o local, para esperar o furacão passar, e não se arrepende de sua escolha.

“Algumas árvores caíram na frente da minha casa, mas fora isso, a casa foi salva. Está tudo bem”, disse à AFP o homem de 73 anos, visivelmente aliviado.

“Nascemos e crescemos na Flórida, então as tempestades não nos assustam”, afirmou Bobby Adisano, que passou a noite em seu carro junto com sua esposa e o filho de um ano e meio. “Se alguém precisar de ajuda, estamos aqui”, acrescentou.

Outras cidades viram o nível das águas subir em grande velocidade, como em Cedar Key, que registrou ondas de mais de 2 metros, nível recorde para a região.

Em alguns lugares como Tampa, ruas e portos também foram inundados, e os moradores tiveram que atravessar com seus pertences nas costas, incluindo caiaques.

– Sem eletricidade –

Apesar dos danos, as autoridades parecem crer que foi evitado o pior. “Fomos perdoados e abençoados”, disse o xerife do condado de Levy, Robert McCallum.

Algumas das zonas afetadas “nunca haviam sido atingidas por um grande furacão”, explicou o governador DeSantis.

O presidente Joe Biden, que se reuniu novamente com DeSantis nesta quarta-feira, também aspirante à Presidência em 2024, advertiu a população para que “se mantivesse alerta” enquanto a tempestade seguia avançando pelo sudeste.

“1.500 funcionários federais foram destacados para as áreas afetadas”, declarou Deanne Criswell, responsável da Agência Federal de Gestão de Emergências dos EUA (FEMA).

Ainda nesta quarta, quase 300.000 casas ficaram sem eletricidade na Flórida e quase 100.000 na Geórgia, segundo o site especializado Poweroutage.us.

“Idalia é a tempestade mais poderosa a atingir esta parte da Flórida em mais de 100 anos”, acrescentou Criswell.

O Aeroporto Internacional de Tampa, fechado devido ao furacão, tem reabertura prevista para a tarde desta quarta, enquanto os voos foram suspensos na costa leste, atingida por outro furacão, Franklin, que entrou pelo Atlântico.

– Inundações em Cuba –

As fortes chuvas provocadas pelo Idalia no oeste de Cuba resultaram em inundações em várias localidades e mais de 200 mil moradores estão sem energia elétrica, informaram autoridades locais na terça-feira. Não foram registradas mortes.

Uma das áreas mais afetadas foi a zona de produção de tabaco de Pinar del Rio. A região ainda se recupera da passagem do furacão Ian, que provocou duas mortes em setembro do ano passado.

As chuvas, com rajadas de ventos que superaram 110 km/h, danificaram a produção de tabaco em Vueltabajo.

Quase 150 pessoas morreram no ano passado quando o Ian atingiu a costa oeste da Flórida, desencadeando tempestades e ventos fortes que derrubaram pontes, destruíram prédios e causaram danos avaliados em mais de 100 bilhões de dólares (487 bilhões de reais, na cotação atual).

Os cientistas alertam que as tempestades se tornarão cada vez mais potentes à medida que se intensifiquem os efeitos da mudança climática, como o aumento das temperaturas.

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