ROMA, 05 MAI (ANSA) – O funeral de Pamela Mastropietro, jovem estuprada, assassinada e desmembrada na Itália, virou palco neste sábado (5) para os principais líderes da extrema direita no país, envolvidos nas intrincadas negociações para formar um novo governo.   

Dependente química, a italiana de 18 anos, natural de Roma, foi morta pouco depois de deixar uma clínica de reabilitação na província de Macerata, no centro da península, no fim de janeiro. Seu corpo foi encontrado em duas malas jogadas em uma fossa.   

O principal suspeito do crime é o nigeriano Innocent Oseghale, acusado de tráfico de drogas, homicídio e ocultação, profanação e destruição de cadáver. Na última quinta-feira (3), o Ministério Público de Macerata ainda disse que Mastropietro fora violentada por Oseghale, que está preso.   

O funeral da jovem aconteceu em Roma, mais de três meses após o assassinato, e refletiu o clima de comoção que o crime provocou em todo o país. “Última saudação a Pamela. Adeus, pequena”, escreveu no Facebook Giorgia Meloni, presidente do partido Irmãos da Itália (FDI), herdeiro de parte do espólio ideológico do fascismo.   

O FDI integra a coalizão vencedora das eleições de 4 de março e dona de 42% dos assentos no Parlamento, ao lado do moderado Força Itália (FI), de Silvio Berlusconi, e da ultranacionalista Liga, de Matteo Salvini, que também aproveitou a ocasião para se manifestar, apesar de não ter ido ao funeral.   

“Boa viagem, Pamela, uma belíssima garota vítima da ferocidade de quem não merece ser chamado de homem. Uma flor e uma oração para você”, escreveu Salvini em seu Twitter. O secretário da Liga também é líder da aliança conservadora e vem pressionando para obter um “pré-encargo” de primeiro-ministro das mãos do presidente Sergio Mattarella.   

Outro expoente da legenda ultranacionalista, o vice-presidente do Senado, Roberto Calderoli, pediu a “prisão perpétua, até o último dia”, para Oseghale e os outros nigerianos suspeitos de envolvimento no crime, Lucky Awelima e Desmond Lucky.   

O assassinato de Pamela ocorreu em plena campanha eleitoral na Itália e dominou o debate político nas semanas subsequentes, especialmente após um militante neofascista, Luca Traini, ex-candidato da Liga a vereador, ter atirado contra seis imigrantes negros em um bar de Macerata. As vítimas sobreviveram, e nenhuma delas tinha qualquer ligação com os suspeitos do homicídio.   

Traini, que também está preso, enviou uma coroa de flores ao funeral de Pamela. “Você mereceu o paraíso, coisa que nem todos podem se permitir. Mesmo que te tenham feito um mal atroz, você está viva na cara de todas aquelas pessoas que te massacraram.   

Não é um adeus, amor. Um dia nos reencontraremos, e será para sempre”, disse a mãe da jovem, Alessandra Verni.   

A cerimônia fúnebre ainda teve as participações dos prefeitos de Roma, Virginia Raggi, e Macerata, Romano Carancini, que decretaram luto nas duas cidades. Um representante da Embaixada da Nigéria na Itália também compareceu. (ANSA)