02/12/2021 - 15:00
Da mesma forma que os criadores de obras têm seus direitos autorais e as empresas seus próprios logotipos, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) quer que as mulheres tenham direito a seus corpos. Para isso, criou o símbolo ⓑ contra a violência nas redes.
O símbolo será utilizado em elementos na web que exponham mulheres, jovens, minorias raciais e étnicas, além da comunidade LGBtQ +, que são especialmente “desvalorizadas, exploradas e violadas” neste espaço.
A organização lançou uma campanha global nesta quinta-feira (2) para aumentar a conscientização sobre esses abusos e acabar com a violência contra as mulheres até 2030.
“Todos têm o direito de viver sem medo e sem violência, tanto online quanto offline”, disse à AFP a diretora executiva da organização, a médica panamenha Natalia Kanem.
“A esfera digital é nova e seguem em expansão para a violência de gênero”, em um mundo cada vez mais conectado, no qual as pessoas passam cada vez mais tempo na internet, especialmente desde a pandemia covid-19, lembrou a médica. Este ambiente traz perigos tanto para a saúde mental, emocional e física, quanto profissional, segundo a chefe da agência da ONU dedicada a preservar a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos e acabar com a violência de gênero.
“É hora de empresas de tecnologia e políticos levarem a sério a violência digital”, disse ela, destacando que ciberataques, mensagens de ódio, divulgação e uso fraudulento de fotos e vídeos são frequentes na Internet.
Para Kanem, logotipos corporativos e direitos autorais “têm maior proteção na Internet do que os seres humanos”. De acordo com uma pesquisa da Economist Intelligence Unit, 85% das mulheres com acesso à Internet testemunharam violência online contra outras mulheres e 38% a experimentaram pessoalmente.
Cerca de 65% das mulheres sofreram cyberbullying, mensagens de ódio e difamação e 57% sofreram ‘astroturfing’. Em muitos países, não há legislação para limitar esses fenômenos.
Qualquer pessoa que tentar remover imagens abusivas de si mesma descobrirá que tem poucos direitos e aqueles que tentarem defendê-los enfrentarão um processo longo e doloroso, observa o UNFPA.
No entanto, isso não acontece com os direitos autorais de música ou filmes, já que as plataformas os retiram imediatamente.