O escritório Mossack Fonseca, protagonista do escândalo dos “Panama Papers”, é processado nos Estados Unidos pelo mesmo fundo especulativo que acionou a Argentina na justiça para cobrar pelos títulos em moratória, segundo documentos aos quais a AFP teve acesso.

Após um litígio de anos contra Buenos Aires na justiça americana, o fundo NML Capital, do magnata Paul Singer, chamado de “abutre” pelo governo da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner, conseguiu o reembolso quase integral dos títulos argentinos comprados a um preço baixo após a moratória do país em 2001.

Segundo a ação apresentada no final de maio no tribunal do estado de Nevada, durante o processo o NML tentou “identificar” ativos do governo argentino no mundo todo a fim de pedir seu embargo e recuperar sua dívida.

De acordo com o NML, o Mossak Fonseca e uma de suas filiais americanas fez essa sua tentativa fracassar, ao ajudar as autoridades argentinas a encobrir ativos, usando empresas de fachada registradas em Nevada.

A ação judicial divulgada pelo Wall Street Journal acusa o escritório panamenho de “comprometer-se ativamente no encobrimento e na destruição de provas”, e de ter “contribuído deliberadamente com elementos errôneos” nas respostas enviadas aos tribunais.

O NML diz ter certeza disso após a divulgação dos “Panama Papers” e exige que o escritório Mossack Fonseca se encarregue dos gastos gerados por esse procedimento.

“Devido às infrações cometidas pelo Mossak Fonseca e ao longo contencioso que se desencadeou, a carga para NML e para o tribunal foi importante”, sustenta o fundo.

Contactado pela AFP, o escritório não comentou o caso até o momento.

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