ROMA, 8 OUT (ANSA) – Os estilistas italianos Domenico Dolce e Stefano Gabbana, da grife que leva seus sobrenomes, garantiram que futuramente vão deixar a empresa de moda para seus “familiares e funcionários”. Durante entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera”, a dupla de designers explica que não planeja se aposentar ou vender a companhia, mas sim deixar para os descendentes, já que “as gerações passam e a família permanece”.   

“Deixaremos um DNA para o nosso grupo de trabalho, ou seja, para nossos estilistas internos, que são o coração da empresa e trabalharemos com total confiança. Depois, há a família, os irmãos de Domenico: Alfonso e Dorotea”, explicou Gabbana. Dolce contou que atualmente seus sobrinhos Christian e Giuseppina, filhos de Dorotea, já trabalham na grife à frente da seção de acessórios e Alta Moda, respectivamente. Questionados se já pensaram em seguir o próprio caminho, Dolce fez uma comparação. “Somos um pouco parecidos com a Coca-Cola, não podemos separar os dois nomes. Nosso trabalho perderia o sentido ao ser separado”. O italiano ainda ressaltou que ele e Gabbana querem deixar códigos para a família poder reinterpretá-los. Mas, ao mesmo tempo, gostariam de deixar espaço para os jovens que já estão trabalhando na empresa, “para que a Dolce & Gabbana não se torne uma marca morta”. “Depois de nós, caberá a eles contar novas histórias aos clientes, contar com sua personalidade, mas com nossos códigos.   

Com disciplina e rigor”, acrescentou. O casal de estilista disse também que, apesar das ofertas, não tem o projeto de desfazer da empresa, principalmente porque é uma marca que alimenta muitas famílias. Ao todo, a grife de luxo possui 200 empresas trabalhando no grupo, tem faturamento de quase 1.350 milhão de euros por ano, possui 300 lojas, sendo 220 próprias e 80 franqueadas. “Empregamos cerca de 5.500 pessoas diretamente, que se tornam aproximadamente 25.000 com indústrias relacionadas”, disse Dolce. “Nunca imaginamos construir tudo isso, apenas queríamos fazer boas roupas, fazer bem, com amor. Fizemos tudo ao nosso redor, de xícaras, pinturas a móveis e roupas”, enfatizou.   

Na entrevista ao jornal italiano, os dois também falaram sobre as expectativas do mercado em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, a desaceleração da economia na Alemanha e o processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o chamado Brexit. “Estamos indo muito bem no Brasil e no México. Se houver desaceleração em certos mercados, compensamos o crescimento em outros. Uma reposição do consumo deve ser sempre levada em consideração globalmente”, finalizou Dolce. (ANSA)