O diretor-executivo do Telegram, Pavel Durov, comparecerá a um tribunal francês neste domingo (25), depois de ter sido detido em um aeroporto de Paris por delitos relacionados ao popular serviço de mensagens, disseram fontes judiciais à AFP.

A Rússia acusou a França de “se recusar a cooperar” depois que a polícia francesa prendeu o bilionário franco-russo de 39 anos no aeroporto de Le Bourget, ao norte da capital, na noite de sábado.

Uma fonte próxima ao caso disse que Durov estava chegando de Baku, no Azerbaijão.

A agência francesa para a prevenção da violência contra menores, OFMIN, emitiu um mandado de prisão contra Durov como parte de uma investigação preliminar sobre vários delitos, incluindo fraude, tráfico de drogas, cyberbullying, crime organizado e promoção do terrorismo, disse uma das fontes ligadas ao caso.

Durov é suspeito de não ter tomado medidas para impedir o uso da plataforma Telegram para fins criminosos.

“Chega de impunidade no Telegram”, disse um investigador do caso, que afirmou ter sido surpreendido pela chegada de Durov a Paris, sabendo que ele era procurado.

– A França “se recusa a cooperar” –

As autoridades russas disseram que solicitaram acesso a Durov, mas não receberam resposta da França.

“Pedimos imediatamente às autoridades francesas que explicassem os motivos dessa detenção e exigimos que seus direitos fossem protegidos e que o acesso consular fosse concedido. Até agora, o lado francês se recusa a cooperar com essa questão”, disse a embaixada russa em Paris em um comunicado divulgado pela agência de notícias Ria Novosti.

A ministra das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, informou que Moscou havia solicitado acesso consular a Durov, mas que, como ele também tem nacionalidade francesa, “a França considera que essa é sua principal nacionalidade”.

O empresário Elon Musk, proprietário da rede social X, postou a hashtag #FreePavel (#LibertePavel) e comentou em francês “Liberté Liberté! Liberté?” (Liberdade Liberdade! Liberdade?).

O Telegram se posicionou como uma alternativa às plataformas de mensagens dos EUA, criticadas por sua exploração comercial dos dados pessoais dos usuários.

O aplicativo de mensagens criptografadas se comprometeu a nunca revelar informações sobre seus usuários.

Em uma entrevista em abril com o radialista americano de direita Tucker Carlson, Durov disse que teve a ideia de lançar um aplicativo de mensagens criptografadas depois de ser pressionado pelo governo russo enquanto trabalhava na VK, uma rede social que ele criou, antes de vendê-la e deixar a Rússia em 2014.

O empresário, que instalou a sede do aplicativo em Dubai, elogiando a “neutralidade” da cidade, disse a Carlson que as pessoas “adoram a independência. Elas também adoram a privacidade, a liberdade, (há) muitas razões pelas quais alguém mudaria para o Telegram”.

Durov então afirmou que o mensageiro tinha mais de 900 milhões de usuários ativos.

Por estar sediado nos Emirados Árabes Unidos, o Telegram foi protegido das leis de moderação em meio à pressão dos países ocidentais sobre as grandes plataformas para remover conteúdo ilegal.

O Telegram permite grupos de até 200.000 membros, o que provocou acusações de que ele facilita a disseminação viral de informações falsas, bem como de usuários que disseminam conteúdo neonazista, pedófilo, conspiratório e terrorista.

O serviço de mensagens concorrente WhatsApp introduziu limites globais para o encaminhamento de mensagens em 2019, depois de ter sido acusado de permitir a disseminação de informações falsas na Índia, o que levou a linchamentos.

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