Fundador de "O Pasquim", cartunista Jaguar morre aos 93 anos

Fundador de "O Pasquim", cartunista Jaguar morre aos 93 anos

"OUm dos mais importantes caturnistas do Brasil, Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe foi uma das mentes por trás de jornal alternativo que virou símbolo da resistência à ditadura militar.Morreu neste domingo (24/08) no Rio de Janeiro, aos 93 anos, o cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar. Ele foi um dos fundadores de O Pasquim, jornal que fez história ao azucrinar os militares durante a ditadura no Brasil (1964-1985).

Carioca nascido em 1932, Jaguar estreou como cartunista na década de 1950, aos 20 anos, com um desenho publicado na coluna de humor Penúltima Hora, do jornal carioca Última Hora. À época, era funcionário do Banco do Brasil. Em 1958, passou a publicar charges na página de humor da revista Manchete.

O pseudônimo Jaguar, com o qual ele ascendeu à fama, foi uma sugestão de Borjalo (1925-2004), colega de profissão que o antecedeu na revista Manchete e qye foi um dos grandes nomes dos primórdios da TV Globo.

O traço marcante, o humor refinado e as críticas contundentes renderam a Jaguar convites para atuar em outros veículos, como as revistas Senhor, Civilização Brasileira, Pif-Paf e Revista da Semana, além dos jornais Tribuna da Imprensa e Última Hora.

Tirou sarro da ditadura

Foi durante a ditadura que Jaguar lançou um de seus personagens mais conhecidos, o ratinho Sig, mascote do jornal O Pasquim, publicação satírica criada em 1969 por ele, Millôr Fernandes, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Henfil, Ziraldo e Paulo Francis. Ali, além de cartunista, atuou como editor e diretor.

Os atritos recorrentes de O Pasquim com a ditadura renderam a Jaguar diversos processos e três meses na prisão – por ironizar o quadro Independência ou Morte, de Pedro Américo, retratando um Dom Pedro 1º que bradava "Eu quero mocotó!!".

O Pasquim seguiu ativo na redemocratização, mas deixou de circular em 1991.

Após o fim do Pasquim, Jaguar atuou em diversas outras publicações da imprensa nacional. Nos jornais O Dia e A Notícia, publicou ilustrações, textos e crônicas. Também colaborou para os jornais Correio da Manhã e Folha de S.Paulo – nesta última, publicou cartuns até julho.

Jaguar estava internado no Hospital Copa D´Or, no Rio de Janeiro, para tratar uma infecção respiratória que evoluiu para complicações renais. Em nota, o hospital confirmou a morte e disse que ele passou os últimos dias sob cuidados paliativos.

A morte do cartunista foi lamentada por colegas de caneta das novas e velhas gerações.

"Adeus ao maior. Todas as reverências ao carinhoso mestre, dono do traço mais rebelde do cartum brasileiro. Seguimos aqui com sua benção. Te amamos, querido e eterno Jaguar!", escreveu Angeli.

"O Pasquim, como um todo, era uma espécie de Monte Olimpo, e Jaguar era um deus muito especial, acolhedor. Sempre deu uma palavra de incentivo", disse a cartunista Laerte neste domingo à emissora GloboNews.

ra (Agência Brasil, ots)