A Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Estados Unidos e Israel, acusou o movimento islamista Hamas por um ataque na quarta-feira (11) que matou pelo menos cinco de seus integrantes e deixou vários feridos.
“Esta noite, por volta das 22h00 de Gaza (16h00 em Brasília), um ônibus que transportava mais de duas dúzias de membros da equipe da Fundação Humanitária de Gaza […] foi atacado brutalmente pelo Hamas”, declarou a organização em um comunicado.
“Ainda estamos obtendo informações, mas o que sabemos é devastador: há pelo menos cinco mortos, múltiplos feridos e tememos que alguns membros de nossa equipe tenham sido tomados como reféns”, acrescentou.
Em um e-mail enviado à AFP, a GHF afirma que todos os passageiros do ônibus eram palestinos e colaboradores humanitários.
Eles se dirigiam ao centro de distribuição da fundação na zona oeste de Khan Yunis.
“Condenamos este ataque atroz e deliberado com a maior firmeza possível”, declarou a entidade em seu comunicado.
“Eram colaboradores humanitários. Humanitários. Pais, irmãos, filhos e amigos que arriscavam suas vidas todos os dias para ajudar os demais”, insistiu.
A GHF, uma iniciativa oficialmente privada com financiamento opaco e apoiada por Israel, iniciou suas operações em 26 de maio, depois que o governo israelense cortou completamente o fornecimento de ajuda a Gaza durante mais de dois meses, o que gerou advertências de fome em massa.
No entanto, a primeira semana de suas operações, na qual afirmou ter distribuído mais de sete milhões de pacotes de alimentos, foi marcada por críticas.
A distribuição de alimentos e produtos de primeira necessidade na Faixa de Gaza é cada vez mais tensa e perigosa, o que aprofunda a crise de fome no território.
Dezenas de palestinos morreram em ataques quando tentavam chegar aos pontos de distribuição de alimentos desde o final de maio, segundo a Defesa Civil de Gaza.
O Exército israelense é acusado de disparar contra multidões de civis que se deslocavam para receber ajuda nas imediações das instalações da GHF desde maio, também de acordo com a Defesa Civil do território.
Os serviços de emergência afirmaram que as forças israelenses mataram 31 pessoas que aguardavam ajuda na quarta-feira.
As autoridades israelenses e a fundação, que utiliza serviços de segurança americanos terceirizados, negaram a acusação.
A ONU e os principais grupos de ajuda se recusam a cooperar com a entidade por medo de que ela sirva de fachada para objetivos militares israelenses.
Além disso, o volume de ajuda permitida no território foi classificado como conta-gotas. Médicos de Gaza afirmaram que os hospitais recebem muitas pessoas atingidas por ataques quando tentavam obter alimentos.
O hospital Al Awda, no campo de refugiados de Nuseirat, anunciou que quatro pessoas morreram e 100 ficaram feridas em um ataque israelense com drones na manhã de quinta-feira contra uma aglomeração em um ponto de distribuição de ajuda.
No hospital Al Shifa, na Cidade de Gaza, a emergência começou a receber dezenas de vítimas que aguardavam ajuda. Em um único dia, o número de feridos chegou a 200.
“Muitos habitantes de Gaza seguiram para as áreas de Nabulsi e Netzarim para receber ajuda, mas foram atacados a tiros e bombardeados com tanques”, relatou Mutaz Harara, diretor da emergência do Al Shifa.
Ele afirmou que “muitos pacientes morreram esperando sua vez” no hospital, que tem poucos suprimentos médicos e não dispõe de sala de cirurgias.
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