A Fundação Bill e Melinda Gates anunciou nesta quarta-feira (20) um investimento de até US$ 120 milhões para facilitar o acesso dos países pobres a um promissor medicamento contra a covid-19 em forma de pílula.

O laboratório americano Merck Sharp & Dohme (MSD) desenvolveu um medicamento, o molnupiravir, que reduz muito o risco de hospitalização e morte quando tomado nos primeiros dias de infecção.

Este tratamento consiste em tomar comprimidos e, portanto, é fácil de administrar.

Além disso, representa uma alternativa às vacinas, principalmente para países que têm dificuldade de acessá-las.

Sua autorização está atualmente sob revisão pelo regulador de medicamentos dos Estados Unidos, a FDA.

O dinheiro investido pela Fundação Gates será usado para promover a produção de genéricos do medicamento por empresas, principalmente indianas, para as quais a MSD já concedeu licença.

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O laboratório planeja fabricar as doses necessárias para 10 milhões de tratamentos antes do final do ano.

Mas grande parte pode beneficiar os países ricos, como tem sido o caso das vacinas.

“O fornecimento global (de vacinas) foi comprado pelos países ricos”, comentou à AFP Trevor Mundel, presidente da divisão de saúde global da fundação.

“Temos que evitar que isso aconteça novamente”, acrescentou.

Alguns fabricantes de medicamentos genéricos “disseram que podem produzir facilmente 10 milhões de tratamentos por mês, mas o problema é que provavelmente não o farão até verem qual é a demanda e quem pagará” por seu trabalho, explicou.

“É isso que queremos acelerar, não queremos que esperem”, explicou.

A Fundação Gates também possibilitou o desenvolvimento de uma técnica “mais simples e econômica” para fabricar o fármaco, que foi compartilhada com os fabricantes de genéricos.

Também pretende investir parte do dinheiro em programas de comunicação sobre o uso desse produto, para que seja conhecido nos países e seja usado de maneira adequada.

A MSD em parceria com a Ridgeback Biotherapeutics conduziram um ensaio clínico entre cerca de 770 pacientes. Deste universo, em torno de metade recebeu um tratamento de cinco dias da pílula, e o restante, um placebo.

Todos os pacientes tinham covid-19, com sintomas que se desenvolveram nos cinco dias seguintes à designação para os respectivos grupos.

Dos pacientes que receberam molnupiravir, 7,3% foram hospitalizados, em comparação com 14,1% daqueles que receberam placebo, representando uma redução do risco relativo de cerca de 50%.


Não houve mortes entre aqueles tratados com molnupiravir, em comparação com oito, no segundo grupo.

As empresas afirmaram que a eficácia é a mesma contra todas as variantes, inclusive a delta, mais contagiosa, e que o medicamento é seguro.


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