Funcionários do Facebook reprovam decisão de Zuckerberg sobre posts de Trump

Coluna: ISTOÉ Tecnologia

André Cardozo é jornalista e cobre tecnologia há mais de 15 anos. É editor de ISTOÉ Online.

Funcionários do Facebook reprovam decisão de Zuckerberg sobre posts de Trump

Funcionários do Facebook reprovam decisão de Zuckerberg sobre posts de Trump

Nos últimos dias, Mark Zuckerberg defendeu a posição de que o Facebook não deve agir sobre os recentes posts do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A atitude de Mark, porém, gerou forte reação dentro do Facebook. Funcionários de diversas áreas e níveis criticaram a atitude do CEO da empresa. Algumas críticas abaixo.

“Fornecer uma plataforma para espalhar violência e desinformação é inaceitável, independentemente de quem é o usuário. Discordo da posição de Mark e vou trabalhar para que haja mudanças” – Andrew Crow, chefe de design do acessório de videochamadas Portal.

“Não sei o que fazer, mas sei que não fazer nada é inaceitável. Sou um funcionário do FB que discorda completamente da decisão de Mark sobre não fazer nada sobre os tuítes de Trump. Não estou só dentro do Facebook” – Jason Stirman, da divisão de P&D da empresa.

Post da discórdia

O post que criou toda essa confusão foi um comentário de Trump sobre os protestos pela morte de George Floyd. “Quando começam os saques, começam os tiros”, disse o presidente no texto. Enquanto o Twitter imediatamente adicionou um comunicado afirmando que o tuíte violou as regras de incitação de violência, o Facebook nada fez. Na visão de Zuckerberg, o tuíte era um alerta aos manifestantes, e não uma ameaça. Por isso, ele não foi removido.

“Pessoalmente discordo de como o presidente falou sobre a questão, mas acredito que as pessoas devem ver isso para que a discussão se dê em um ambiente transparente”, argumentou Zuck.

Cadê o tribunal?

Com a repercussão da decisão de Zuck, muitos usuários recorreram à conta de Twitter do conselho de conteúdo da empresa, já conhecido como ‘tribunal do Facebook’. Afinal, este é exatamente o tipo de questão para o qual ele está sendo criado.

Entretanto, o conselho respondeu que ainda está sendo estruturado e só poderá arbitrar sobre este tipo de questão no fim deste ano. O Facebook divulgou recentemente os primeiros nomes do conselho que está sendo criado para deliberar sobre conteúdo polêmico. O pesquisador brasileiro Ronaldo Lemos é um dos integrantes.