17/02/2017 - 16:12
Funcionários da Companhia de Água e Esgoto do Estado (Cedae) entram em greve nesta segunda-feira, 20, e fazem manifestação na frente da Assembleia Legislativa, para protestar contra a venda da empresa. A paralisação está prevista para durar nos dias em que os deputados estiverem discutindo e votando a privatização.
A venda da Cedae é a principal exigência do governo federal no plano de recuperação fiscal do Rio. Para Humberto Lemos, presidente do sindicato da categoria, a venda da companhia prejudica a população do Rio. “É uma empresa superavitária. Deu R$ 350 milhões de lucros e pagou dividendos aos seus acionistas de R$ 88 milhões. O Rio de Janeiro vai vender seu maior ativo e daqui a três anos vai ter de pagar esse empréstimo. Só que não terá mais ativo. Ninguém no Rio de Janeiro está entendendo esse negócio”, afirmou Lemos. “Vão vender por R$ 3,5 bilhões. Dá para pagar duas folhas do funcionalismo. E depois?”
A estatal tem 5.650 funcionários e é responsável pelo abastecimento e tratamento de esgoto da capital e outros 63 municípios. “Só o Rio dá lucro de R$ 650 milhões ao ano e subsidia indiretamente os municípios que dão prejuízo. A capital é responsável por 87% da arrecadação da Cedae. Se a venda se confirmar e o Rio de Janeiro deixar a concessão, quem vai se interessar por 63 municípios deficitários?”, indaga o presidente. Ele se refere à ameaça do prefeito Marcelo Crivella (PRB) de criar uma companhia de água e esgoto municipal.
Na segunda-feira, 20, os líderes dos partidos da Alerj se reúnem para discutir as 211 emendas apresentadas ao projeto de lei de venda da Cedae. É no colégio de líderes que os deputados debatem as emendas para chegar a consenso mínimo. A partir das 11h, a Comissão de Constituição e Justiça dará parecer sobre as emendas acordados e o texto vai à votação.
Para aprovar a matéria é necessária maioria simples dos deputados. Mas os autores de emendas não incluídas podem fazer requerimentos para votação em separado das propostas. A previsão é de que o tema será debatido na Alerj durante a semana toda. Humberto Lemos afirmou que a greve da Cedae não deve prejudicar o abastecimento de água e o tratamento de esgoto da população. “Não queremos penalizar a sociedade”, afirmou.