ROMA, 03 DEZ (ANSA) – Sindicatos de trabalhadores do setor de aviação preparam uma mobilização de funcionários da Alitalia para as próximas duas semanas, em função do impasse no processo de venda da maior companhia aérea da Itália.   

As entidades sindicais cobram do governo a abertura de uma mesa de negociações permanente com os trabalhadores, preocupados com seu futuro após a iminente mudança no comando da empresa.   

“Se a mesa permanente que havia sido prometida pelo governo não for convocada, então procederemos à mobilização”, declarou na semana passada Susanna Camusso, secretária do principal sindicato do país, a Confederação Geral Italiana do Trabalho (Cgil).   

Ainda não há detalhes sobre a mobilização, mas ela deve ocorrer antes de 15 de dezembro, quando termina o prazo para a companhia restituir ao governo um empréstimo-ponte de 900 milhões de euros. Especula-se, no entanto, que a data de pagamento pode ser prorrogada em seis meses.   

No fim de novembro, os comissários nomeados pelo governo para administrar a Alitalia aceitaram uma oferta da empresa pública Ferrovie dello Stato (FS), que administra o transporte ferroviário no país.   

A FS teria o papel de administrar uma grande rede de transporte integrado, conectando estações de trem, aeroportos e portos, mas ainda é incerto qual será o tamanho de sua participação na Alitalia. A estatal ferroviária já se disse disponível a comprar inicialmente 100% da empresa, com a condição de que a entrada futura de outros acionistas reduza essa cota para 51%.   

A Alitalia está sob intervenção do governo desde maio passado e tem seu controle acionário dividido entre a holding Compagnia Aerea Italiana (CAI, com 51%) e a Etihad Airways (49%).   

Recentemente, ministros italianos disseram que o objetivo é fazer a empresa voltar a ser uma “companhia de bandeira” – ou seja, controlada pelo Estado -, mas em parceria com grupos privados. O Estado italiano já está presente no capital da Alitalia por meio da empresa de correios Poste Italiane, que detém cerca de 20% da CAI. (ANSA)