Há um ano, o voo 2283 da Voepass partiu de Cascavel, no Paraná, com destino a Guarulhos, em São Paulo, mas nunca chegou ao destino. O turbo-hélice ATR 72-500 caiu na cidade de Vinhedo e nenhuma das pessoas sobreviveu. De acordo com o programa Fantástico, da TV Globo, detalhes mostraram que uma falha foi omitida do diário de bordo horas antes da decolagem que resultou nas mortes.
+ Avião da Voepass que caiu em Vinhedo teve falha omitida horas antes de voo
Um ex-comandante, que atuou como copiloto na Voepass, diz que aquele dia foi “especialmente crítico”, com um boletim alertando para muito gelo em todos os níveis. No entanto, ao contrário das recomendações dos manuais, o avião não baixou para derreter o gelo acumulado. O sistema de degelo foi acionado três vezes durante o voo, mas, ao fazer uma curva para aproximação de pouso, a aeronave perdeu sustentação devido à sua estabilidade já comprometida.
O avião tinha problemas crônicos. O comandante Almeida afirmou: “Esse avião não estava adequado para voar nas condições de gelo”. Um mecânico, que preferiu não se identificar, relatou que horas antes da queda, os sistemas de degelo não estavam funcionando.
O comandante teria tentado pousar a aeronave em Ribeirão Preto e pedido que ela fosse para a manutenção. No entanto, ele não registrou oficialmente a queixa. De acordo com o mecânico, a equipe “voava sob pressão” e “não podia ficar colocando sempre pane na aeronave”.
Em uma gravação feita um mês após o acidente, dois funcionários da manutenção da Voepass, sem saber que estavam sendo gravados, lamentaram a falha não reportada na madrugada do acidente. Um deles disse que estava com um “remorso desgraçado” por ter omitido a falha da aeronave.
“Errei, errei de não ter mandado por escrito”, afirmou ele. Outro colega aconselhou: “printa, manda pro teu celular, guarda isso daí”, classificando a situação como uma “sujeira”. A empresa foi definitivamente proibida de voar em 24 de junho deste ano, dez meses e meio após o acidente.