“Fui rejeitado por todas as gravadoras”, diz Vinny

"Fui rejeitado por todas as gravadoras", diz Vinny

O cantor e compositor Vinícius Bonotto Conrado, mais conhecido pelo nome artístico de Vinny, foi o convidado de live da IstoÉ Gente. Na conversa com o repórter Rafael Ferreira, ele fez uma imersão na vida e na carreira.  O artista lembrou da vida de mochileiro em Ilha Grande, RJ até as noites em que cantou em bares.

Na conversa, o cantor revela os bastidores das músicas do primeiro disco, da parceria com BNegão, até estourar nas paradas musicais, tudo isso, sem esconder as agruras da vida de artista. “Fui rejeitado por todas as gravadoras multinacionais. Meu primeiro disco foi um fracasso”, conta. “Sempre fui um artista de sucesso e não famoso. São coisas muito diferentes”, diz.

Em 1997,  seu segundo disco, Todomundo, o projetou nacionalmente graças à música “Heloísa, Mexe a Cadeira”, um grande sucesso que trazia como novidades a voz grave e soturna de Vinny aliada a uma batida dançante. Segundo ele, a canção não era a sua preferida, pelo contrário, a música era a última do disco e foi incluída no álbum para dar uma suavidade no som pesado das outras batidas. “O disco era muito mal-humorado”, diverte-se. No bate-papo, Vinny revela que a música só virou hit depois que bombou “nas paradas gays cariocas” e foi remixada por DJs.

O artista revela durante a live as várias fases de sua vida. Entre os atos, ele se dedicou aos estudos de filosofia, o mestrado em Ciências Sociais, na Argentina, e a pós em psicanálise. “Acho que a filosofia é um parente muito próximo da psicanálise”, avalia.

No ano passado, depois de um encontro com o amigo Vitor Queiroz, baixista do LS Jack, Vinny investiu em voltar aos palcos com a banda, que vinha cogitando retornar aos palcos após uma década, e assumir o posto de vocalista, anteriormente ocupado por Marcus Menna. Deu certo. No início deste ano, eles, amigos há décadas, resolveram se unir em um projeto musical com a marca de LS Jack e Vinny. “Já gravamos mais músicas nessa quarentena que em vinte anos”, conta ele.

Avesso às redes sociais – “a internet e o Instagram são, talvez, um poço de novas neuroses -, às lives – “me sinto meio Rubinho Barrichello,  porque já foram feitas tantas que cheguei um pouco atrasado – e as ferramentas tecnológicas, ele avalia que as plataformas musicais têm um grande papel na vida dos artistas já que pôs fim a cultura do jabá (um modelo corrupto no qual a indústria cultural cooptava músicos, artistas e produtores e  que dominou o cenário artístico) . Para ele, a sociedade em rede mudou o jeito de ouvir e fazer música. “Hoje, acabou a solidão do compositor. As músicas são feitas de forma coletiva e o ouvinte tem a responsabilidade pessoal de saber o que quer escutar. Se não fosse a internet, a gente estava frito”, reflete.

Sobre os projetos futuros, ele diz que está ansioso para pegar a estrada novamente em shows pelo país, apesar de não querer abandonar o consultório. O grupo lançará cerca de dez músicas inéditas, uma a cada dois ou três meses. Duas delas já saíram: “Esquece a Solidão e sai”, que foi lançada poucos dias antes do anúncio da quarentena, e “No que depender de Mim”, que traz aquela sonoridade nostálgica, típica do final dos anos 1990 e início dos 2000. Vinny antecipou na entrevista que o clipe da música será com imagens dos casamentos de amigos e de internautas.