O reconhecimento israelense da soberania de Marrocos sobre o Saara Ocidental carece de qualquer validade, afirmou nesta quarta-feira (19) o movimento independentista Frente Polisário, uma organização que conta com o respaldo da Argélia.

“Uma posição dessa entidade sionista ou de qualquer outra parte para legitimar a ocupação marroquina do Saara Ocidental é nula e não possui validade jurídica”, afirmou o “Ministério da Informação” saaraui.

O gabinete real anunciou na segunda-feira, em Rabat, citando uma carta do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que o Estado hebraico decidiu “reconhecer a soberania de Marrocos” sobre o território do Saara Ocidental.

Essa posição “só reforçará a determinação do povo saaraui em prosseguir sua luta nacional em várias frentes”, proclamou a Frente Polisário em um comunicado citado pela agência oficial argelina de imprensa APS.

O reconhecimento israelense “não agrega qualquer valor a Rabat. Pelo contrário (…), confirma a aliança entre um Estado e uma entidade que ocupam, militarmente em ambos os casos, o Saara Ocidental e a Palestina”, prossegue.

O conflito entre Marrocos e o Polisário perdura desde 1975, quando o poder colonial espanhol se retirou do Saara Ocidental, um território desértico rico em fosfatos e com grande abundância de peixes em sua costa.

O Polisário reivindica um referendo de autodeterminação, previsto pela ONU no acordo de cessar-fogo em 1991, mas que nunca se concretizou.

Marrocos propõe um plano de autonomia que manteria este território sob sua soberania.

O cessar-fogo de 1991 foi rompido em 2020, com o envio de tropas marroquinas ao extremo sul do território para desalojar independentistas que bloqueavam a única rota para a Mauritânia.

A Argélia rompeu relações com Marrocos em 2021, devido às divergências sobre o Saara Ocidental e a normalização das relações diplomáticas entre Rabat e Israel.

Marrocos fortaleceu sua posição quando os Estados Unidos, sob a presidência de Donald Trump, reconheceram em 2020 sua soberania sobre o território em disputa, em contrapartida ao reconhecimento de Israel pelo reino alauita.

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