Frente a frente com a banda Gorillaz – ou, bem, quase isso

Entrevista: 2D, Noodle, Murdoc Niccals e Russel Hobbs

Diante da pergunta sobre quem responde pelos Gorillaz – que “dĆ£o” entrevistas por e-mail -, Jamie Hewlett disfarƧa. “SĆ£o os personagens!”, ele diz. Diante do silĆŖncio do lado de cĆ” da linha, ele segue: “Eu nĆ£o posso responder. Ɖ como revelar a verdadeira identidade do MĆ”gico de Oz. SĆ£o os mĆŗsicos, atores, comediantes, hĆ” muita gente que faz parte da nossa famĆ­lia agora. Na verdade, eles sĆ£o mais reais que os popstars de hoje, que sempre mentem em entrevistas. Para mim, eles sĆ£o mais verdadeiros”. A seguir, leia a entrevista por e-mail com 2D, Murdoc Niccals, Noodle e Russel Hobbs, como se fossem uma banda real:

Foi fĆ”cil voltar ao ponto deixado pelo Ćŗltimo disco da banda?

Murdoc Niccals: Voltar para onde estĆ”vamos? NĆ£o tenho interesse. O Gorillaz nunca vai para trĆ”s, nĆ³s somente vamos para frente, como um carro sem a marcha Ć  rĆ© e freios quebrados. Ɖ, pode ser perigoso, mas se vocĆŖ nĆ£o fizer isso, vocĆŖ ficarĆ” estacionado, repetindo a si mesmo.

De qualquer forma, foram anos distante da rotina das turnĆŖs?

Russel Hobbs: A vida na estrada Ć© Ć³tima, desde que vocĆŖ tenha um daqueles travesseiros de pescoƧo inflĆ”veis. Eu tenho dois. E evite ficar no mesmo andar que Murdoc nos hotĆ©is. Ou melhor, fique em um hotel diferente do dele. Ele ainda nĆ£o foi domesticado.

Noodle, vocĆŖ viveu no JapĆ£o, o que trouxe dessa experiĆŖncia para o disco do Gorillaz?

Noodle: Todos os acontecimentos nas nossas vidas, pequenos e grandes, fazem quem nĆ³s somos. No JapĆ£o, eu passei sete anos caƧando um demĆ“nio transmorfo. Acho que isso me ajudou a buscar a determinaĆ§Ć£o necessĆ”ria para conviver com Murdoc e os meninos na mesma casa de novo. TambĆ©m descobri um cafĆ© em TĆ³quio no qual vocĆŖ Ć© rodeado por gatos e corujas de verdade. Eu nĆ£o tenho certeza do que eu aprendi com isso, mas acho que o tempo vai dizer.

O que esse tĆ­tulo, Humanz, quer dizer sobre o disco e sobre a humanidade?

Niccals: VocĆŖ nĆ£o consegue pontuar a mĆŗsica dessa forma. O que posso dizer Ć© que Humanz, como todas as mĆŗsicas, canaliza um sentimento. Algo que estĆ” em todos nĆ³s nesse momento, ao percebermos que a humanidade caminha para um lugar desconhecido. Estamos mudando como espĆ©cie, somos mais digitais. Ɖ humanos com um ‘z’. O que isso significa para a humanidade? Eu sei lĆ”.

Qual foi a parceria vocal mais desafiadora?

2D: Grace Jones! Nunca vou esquecer que nos conhecemos. Ela entrou no estĆŗdio, me acordou, tirou seu casaco, olhou para mim e disse: ‘Pegue meu casaco’. E eu peguei.

As informaƧƵes sĆ£o do jornal O Estado de S. Paulo.