Freira brasileira perde cargo na Itália ‘por ser bonita demais’

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A freira brasileirane Pereira Ghammachi encontrou com o papa Francisco durante audiência, em 2022 Foto: Divulgação/Vaticano

SÃO PAULO, 13 MAI (ANSA) – A destituição da freira brasileira Aline Pereira Ghammachi do cargo de madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, em Vittorio Veneto, no norte da Itália, fez cinco religiosas fugirem do local.

O caso, que ganhou bastante repercussão no país europeu, teve seu auge no último dia 21 de abril, quando Ghammachi, de 41 anos e natural de Macapá, no Amapá, foi afastada de suas obrigações após uma denúncia anônima de maus-tratos e desvio de recursos destinados à manutenção do local.

A brasileira nega as acusações e alega ser vítima de “perseguição”, já que ouviu do abade-chefe responsável pelo mosteiro, frei Mauro Giuseppe Lepori, que “é bonita demais para ser freira”.

“O frei Mauro Lepori disse que se eu fosse ao Vaticano, ninguém iria acreditar em mim, porque eu sou mulher, brasileira, sou bonita e ninguém acredita nesse tipo de pessoa. E isso me feriu muito”, disse Ghammachi em entrevista ao portal brasileiro “G1”.

Cerca de 10 dias após sua saída, cinco freiras do mesmo mosteiro abandonaram o local por estarem sob “forte tensão psicológica”. Para evitar mal-entendidos, as religiosas informaram a polícia que estavam deixando o local por vontade própria para se refugiarem em “outra localidade”.

De acordo com a emissora pública italiana Rai, o estopim da crise em San Giocomo di Veglia teve início em janeiro de 2023, quando uma carta anônima escrita a quatro mãos foi enviada ao papa Francisco com denúncias de má gestão contra Ghammachi.

No entanto, a brasileira esclareceu ao G1 que comprovou as contas dos últimos cinco anos em que esteve à frente do mosteiro e que essas foram aceitas pela auditoria da igreja, que considerou a carta como “calúnia”.

Recentemente, o jornal “Il Gazzettino” revelou que, segundo a mais jovem das freiras que deixou o monastério, elas “fugiram porque o clima ficou insuportável desde que chegou a comissão que tirou a freira Aline do cargo”.

“Eles destruíram uma situação de paz que durava há mais de meio século. Nos sentimos sufocadas”, falou a jovem religiosa, que não teve o nome relevado. Algumas de suas companheiras de fuga acumulavam mais de 25 anos no monastério. (ANSA).