Franklin David relembra proposta de R$ 20 mil por coleção de Playboys: ‘Muito pouco’

Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

A revista Playboy fez parte da vida de milhares de homens, e também de muitas mulheres. Mas Franklin David levou isso além. Apaixonado pelo veículo, desde a infância, o apresentador é dono de cerca de 900 exemplares e possui capas históricas como a de Betty Faria, Xuxa e Mara Maravilha.

“Eu conheci a revista primeiro pela TV, porque via todo aquele glamour das estrelas de capa no programa da Hebe e do Gugu. O Fantástico exibia os bastidores dos ensaios. A Playboy era muito forte. Meu primeiro contato com uma revista física foi aos 11 anos, com algumas que o meu tio tinha. Achava incrível todo aquele cuidado com a mulher, de tratá-la como uma grande estrela merece ser tratada, por ver que a fotografia possuía sensibilidade, uma história no ensaio”, diz.

Ao contrário de muitos terem a visão de que a empresa objetificava a mulher, Franklin entendia o oposto. E graças a isso, veio o desejo de se tornar fotógrafo e apresentador de televisão.

“Sonhava ter um programa como o extinto H (de Luciano Huck, exibido na Band de 1996 a 1999), com personagens como Tiazinha e Feiticeira, que pudessem estampar a capa da Playboy. Comandar um programa que rendesse capas de Playboy seria sinônimo de sucesso, porque era como se a mulher, ao fazer a capa, estivesse recebendo um título de estrela maior”, explicou.

A paixão gerou, inclusive, empreendimentos. Quando adolescente, David tentou criar uma banca de jornal em sua cidade, Botuporã, no interior da Bahia, de modo que conseguisse modelos atualizados de maneira democrática. Porém, por conta dos gastos, a ideia acabou não vingando.

“Eu viajava 3h para comprar a Playboy do mês, indo até a cidade mais próxima com banca e pegava carona com conhecidos que estavam indo para lá. Só que tinham meses em que não conseguia, não tinha dinheiro para a viagem, então foi aí que tive a ideia de virar assinante da revista, que era para maiores de 18 com 12 anos (risos). Peguei os documentos do meu tio escondido, liguei para a Editora Abril e fiz a minha assinatura sem que ninguém soubesse. Só depois que chegou a primeira revista é que contei para minha mãe. Eu também me comunicava com a publicação por cartas, sempre mandando uma sugestão de capa para eles e sempre me respondiam”, afirma.

Outras situações cômicas, envolvem inclusive, personalidades que figuraram a capa, como Isadora Ribeiro: “Uma vez estive com a Isadora e levei as revistas e edições especiais para autografar. Ao mostrá-las, ficou em choque, pois nem ela tinha os exemplares”.

Segundo ele, que armazena as revistas com todo o cuidado em seu apartamento em São Paulo, suas capas favoritas são a de Suzana Alves, a Tiazinha, e Joana Prado, a Feiticeira, ambas do Programa H. Outras como Vera Fischer, Scheila Carvalho e Sheila Mello, Carla Perez e Maitê Proença são algumas de suas queridinhas.

A maior realização veio quando Franklin teve a oportunidade de trabalhar na redação da Playboy, onde participava de negociações, escolha de ensaios, produção e seleção de fotos.

“Como um apaixonado, tinha domínio de absolutamente todas essas áreas e tive a liberdade dos profissionais da revista para que eu pudesse criar. Essa foi uma época que se deixasse eu nem dormia, só produzia, tamanha satisfação profissional em poder trabalhar lá.  Precisei, claro, separar o amor do profissionalismo, em vários momentos, mas foi incrível. Fui responsável pela última capa da revista aqui no Brasil, imagine a emoção?! Tentei reproduzir a capa também da Débora Rodrigues, ex-militante do MS, colocando a Rita Mattos (a “Gari Gata”), mas infelizmente eram épocas diferentes e o impresso já sofria com a chegada da Internet”.

Colecionador nato de outros objetos, como bonecos e moletons, David assume que já recebeu propostas altas pela sua coleção, em torno de R$ 20 mil, de um empresário que fora colecionador e precisou se desfazer, quando casou. E ao ouvir que ninguém jamais lhe daria aquele valor, ele respondeu que seu acervo possuía um valor inestimável e que “20 mil era muito pouco”.