‘Francisco voltou para a casa do Pai’, anuncia Vaticano

SÃO PAULO, 21 ABR (ANSA) – O papa Francisco, líder da Igreja Católica Romana por mais de uma década, morreu nesta segunda-feira (21) aos 88 anos, vítima de uma pneumonia nos dois pulmões e de uma infecção polimicrobiana.   

A morte foi anunciada pelo cardeal Kevin Farrell com as seguintes palavras: “queridos irmãos e irmãs, é com dor profunda que devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco”.   

“Às 7h35 (2h35 do Brasil) desta manhã, o bispo de Roma, Francisco, voltou para a casa do Pai. Sua vida inteira foi dedicada a serviço do Senhor e da sua igreja.   

Ele nos ensinou a viver os valores do evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino”, acrescentou.   

Francisco esteve internado por quase 40 dias no Hospital Policlínico Agostino Gemelli, em Roma, deixando o local no último 23 de março. Desde então, vinha se mantendo recluso a maior parte do tempo na Casa Santa Marta, sua residência oficial no Vaticano, onde deveria permanecer em repouso até pelo menos o final de maio, enquanto realizava sessões diárias de fisioterapia para retomar plenamente a capacidade respiratória e de fala. Jorge Mario Bergoglio nasceu em Buenos Aires, Argentina, em 17 de dezembro de 1936, filho do ferroviário Mario Bergoglio e da dona de casa Regina, ambos imigrantes italianos. Formou-se engenheiro químico e, aos 21 anos, quando passou por uma cirurgia para a retirada de parte do pulmão devido à presença de cistos, resolveu seguir carreira religiosa e tornar-se padre.   

O argentino foi ordenado pela poderosa e influente Companhia de Jesus, instituição conhecida pela disciplina severa, e se tornou cardeal em 2001, pelas mãos do papa João Paulo II. Em 2005, chegou a ser cotado como possível sucessor de Karol Wojtyla, mas perdeu para o conservador Joseph Ratzinger, que se tornaria Bento XVI.   

Em março de 2013, após a renúncia do alemão, foi o mais votado no conclave e se tornou o primeiro pontífice latino-americano na história e o primeiro jesuíta a sentar no trono de Pedro.   

Ao assumir o papado, o argentino adotou um nome jamais utilizado por um antecessor: Francisco, em homenagem a São Francisco de Assis (santo dos pobres) e São Francisco Xavier (missionário no Oriente), o que daria o tom de seu pontificado, marcado por críticas contundentes às desigualdades sociais e pela defesa apaixonada da misericórdia e da abertura da Igreja para os marginalizados, incluindo imigrantes, divorciados e homossexuais.   

Por seu carisma e simpatia, conquistou jovens do mundo inteiro,mas a abertura para o público LGBTQIA+ rendeu até acusações de heresia por parte do clero ultraconservador. Em uma de suas medidas mais controversas internamente, autorizou que padres e bispos abençoassem casais homoafetivos, desde que isso não se confundisse com o sacramento do matrimônio.   

“Se um filho revela sua homossexualidade aos pais, estes devem rezar, não condenar, devem dialogar, entender, dar espaço para que ele se exprima”, disse Francisco certa vez. (ANSA).