Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, morreu na madrugada desta segunda-feira, 21, aos 88 anos. As informações foram divulgadas pelo Vaticano.
O pontífice ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos.
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Relembre pronunciamento incendiário do líder religioso
Quando o papa Bento 16 surpreendentemente renunciou em fevereiro de 2013, afloraram as especulações no Vaticano, também sobre o sucessor. Bergoglio, então com 76 anos, era pouco citado como candidato, muito menos como favorito.
O arcebispo de Buenos Aires, descendente de imigrantes italianos, já fora um dos candidatos no conclave de 2005, ao lado do alemão Joseph Ratzinger. Antes de sua escolha como sumo pontífice em 2013, porém, Bergoglio tomara a palavra num “pré-conclave”, o primeiro de seu tipo, no qual os cardeais queriam trocar opiniões sobre a situação da Igreja.
Esse “discurso incendiário” tornou-se conhecido semanas depois. Nele, o argentino apelara por uma “liberdade de expressão ousada” na Igreja, que teria que sair de si mesma e expandir-se “para as margens”. Segundo ele, a Igreja não devia girar em torno de si mesma.
Eram palavras inusitadas, vindas de um cardeal, sobretudo um que se tornaria papa. O poder desse discurso ainda pode ser sentido no documentário de Wim Wenders Papa Francisco: Um homem de palavra (2018). Também aqui, o chefe da Igreja Católica prega, num discurso acessível, um novo começo para a Igreja e a proximidade com os marginalizados.
Sua conduta foi coerente com essas propostas. Ao contrário de seus predecessores, por séculos, Francisco não se mudou para o Palácio Apostólico, que se ergue no alto da Praça de São Pedro, como a residência de um soberano, e transpira passado. Em vez disso, ficou alojado em dois quartos da Casa de Hóspedes do Vaticano durante todo o seu pontificado. E fazia as refeições na mesma sala onde os funcionários ou convidados eram servidos com um simples buffet.
Em muitos aspectos, Francisco agiu de modo totalmente oposto ao de Bento 16, que muitas vezes parecia pouco sociável. Quase dez anos mais velho que seu sucessor, o alemão costumava comparar Francisco a um avô, a quem visitava e simplesmente escutava.