Mais de 600 mil pessoas acompanharam nesta terça-feira (10), sob um calor intenso, a missa do papa Francisco em Dili, capital do Timor Leste, um dos grandes momentos de sua viagem pela região Ásia-Pacífico.

A missa de três horas, em uma esplanada, representa um desafio físico considerável para o pontífice de 87 anos, que deve passar com o papamóvel entre a multidão, com temperaturas superiores a 30ºC.

O papa foi recebido como um astro da música na segunda-feira, com dezenas de milhares de fiéis reunidos nas ruas da capital Dili.

Mais de 600.000 pessoas se reuniram na esplanada e suas imediações, o equivalente a quase metade da população do país, informou o Vaticano em um comunicado, que cita uma estimativa das autoridades locais.

“É como se tivéssemos um novo impulso para as nossas vidas, para o povo do Timor Leste, para a paz”, declarou à AFP Natércia do Menino Jesus Soares, 33 anos, que usava uma camisa, um boné e um lenço com a imagem do papa Francisco.

O pequeno país, que tem 98% da população católica, é a terceira etapa da longa viagem de 12 dias do pontífice, que já passou por Indonésia e Papua-Nova Guiné e terminará em Singapura.

No primeiro dia no Timor Leste, Francisco discursou para as autoridades e celebrou o período de “paz e liberdade” no país após sua independência em 2002, mas fez um apelo para que evitem os abusos contra os jovens após vários escândalos de pedofilia na Igreja local.

Mas o principal evento da visita é a missa desta terça-feira, que pode ser uma das maiores de seus 13 anos de papado.

“Estou agradecida por poder participar nesta missa sagrada (…) Não sei se conseguiria viajar para ver o papa se visitasse novamente em alguns anos”, disse Felicidade do Rosário, uma dona de casa de 49 anos.

Em 2023, quase um milhão de pessoas se reuniram em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, durante a visita do papa.

O recorde de seu papado aconteceu na capital das Filipinas, Manila, em 2015, onde as autoridades afirmam que o jesuíta argentino reuniu seis milhões de pessoas.

– Críticas ao custo da visita –

Em um discurso na catedral de Díli, Francisco pediu aos fiéis que divulguem “o perfume do Evangelho” contra o alcoolismo, a violência e a falta de respeito às mulheres.

A agenda do papa para terça-feira inclui ainda encontros com jesuítas e com crianças com deficiência.

“É um orgulho para nós. É uma bênção de Deus para nós, para o povo desta terra”, disse Atanasio Sarmento de Sousa, membro da comissão que organizou a visita de Francisco.

Esta é a segunda visita de um pontífice ao Timor Leste, após João Paulo II.

A história do país mais jovem do sudeste asiático, uma democracia de 1,3 milhão de habitantes, foi marcada por séculos de colonização portuguesa, quase 25 anos de ocupação indonésia (dezembro de 1975 a outubro de 1999) e um referendo de independência apoiado pela ONU.

Timor Leste conseguiu a independência formal em 2002, após uma ocupação brutal da Indonésia que deixou mais de 200.000 mortos.

A jovem democracia também é uma das nações mais pobres do mundo que, no entanto, gastou 12 milhões de dólares (67 milhões de reais) para reformar a capital antes da visita do papa, o que provocou críticas de grupos de ativistas, que também denunciaram a derrubada de algumas casas na área de celebração da missa. O governo alega que os imóveis haviam sido construídos de maneira ilegal.

As autoridades também expulsaram os vendedores ambulantes e as pessoas em situação de rua das áreas que seriam visitadas por Francisco.

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