Milhares de pessoas se reúnem neste domingo (12) na França para protestar contra o antissemitismo no país, onde os atos hostis aos judeus aumentaram significativamente no último mês, coincidindo com o conflito entre Israel e o movimento islamista palestino Hamas.

“Uma França onde nossos concidadãos judeus tenham medo não é França”, disse o presidente Emmanuel Macron, em carta publicada no jornal Le Parisien, antes da “grande marcha” convocada pelos líderes do Parlamento.

Cânticos antissemitas no metrô de Paris, insultos nas ruas e nas redes sociais, cusparadas, pichações, entre outros exemplos. A França, que abriga a maior comunidade judaica da Europa, registrou mais de 1.000 atos antissemitas desde 7 de outubro, data do início da guerra entre Israel e Hamas.

E, com o recrudescimento do conflito, a França – onde também vivem milhões de muçulmanos – torna-se uma caixa de ressonância para a tensão.

Para “enviar uma mensagem clara de que a França não aceita o antissemitismo”, a presidente da Assembleia Nacional (câmara), Yaël Braun-Pivet, e seu homólogo do Senado, Gérard Larcher, convocaram a “grande marcha” deste domingo, que começou por volta das 15h (11h em Brasília).

“Os judeus necessitam ouvir um grito de solidariedade e fraternidade sobre a questão do antissemitismo”, pediu no sábado o presidente do Conselho Representativo de Instituições Judaicas da França (Crif), Yonathan Arfi, à emissora BFMTV.

A comunidade judaica na Europa segue marcada pelo Holocausto cometido pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Na quinta-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, prometeu proteger os judeus e não tolerar “nunca mais” o antissemitismo.

Nesse sentido, causou polêmica o anúncio da líder do partido de extrema direita Reagrupamento Nacional (RN), Marine Le Pen, de que participaria do ato. Seu pai, Jean-Marie Le Pen, fundou o partido Frente Nacional (FN), do qual o RN é herdeiro, e é famoso por seus comentários antissemitas.

Apesar de buscar uma demonstração de “unidade”, a rejeição de ambientalistas, comunistas e socialistas a desfilarem ao lado da extrema direita dividiu o ato.

Os presidentes do Parlamento, a primeira-ministra Élisabeth Borne e ex-presidentes da França abriram a marcha, que conta com um trecho composto pela oposição de esquerda, e outro, pelo partido de Le Pen.

Questionado ontem se compareceria ao evento, Macron disse que “não”, mas que estaria presente de “coração” e enfatizou seu papel consistente “para construir a união do país”.

O partido de esquerda radical França Insubmissa (LFI) – no centro das críticas por se recusar a classificar o Hamas de “terrorista”, embora tenha condenado o ataque do movimento islamista que deu início ao atual conflito – tampouco participará da marcha pela presença do RN.

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