O ministério francês da Defesa revisará a maneira como trata os casos de agressão sexual contra seus militares, após uma série de depoimentos de abusos lançados por um #Metoo militar.

O ministro da Defesa, Sébastien Lecornu, anunciou nesta sexta-feira (12) no jornal Le Monde a “revisão de todas as medidas de prevenção, proteção das vítimas e sanção dos agressores”.

O anúncio ocorre depois que Manon Dubois, vítima de agressões sexuais quando trabalhava na Marinha, explicou recentemente seu caso em vários veículos.

À Franceinfo, ela explicou que durante sua primeira missão em 2019, aos 18 anos, outro fuzileiro naval esfregou seu traseiro e esfregou seu órgão genital contra o dela, entre outros atos durante meses. Em 2021, ele a agrediu novamente.

Dubois abandonou as Forças Armadas e seu agressor, que assumiu os crimes, foi condenado a indenizá-la em 600 euros e a realizar um curso de sensibilização, segundo a hierarquia militar.

Mas esse não é o único caso. A deputada governista e capitã do Exército de terra francês Laetitia Saint-Pau recebeu em uma semana 20 depoimentos de supostas vítimas.

“A vontade política sobre esse ponto é clara”, assegurou nesta sexta à AFP Saint-Paul, após conhecer a revisão das medidas.

As conclusões estão previstas para o final de maio e devem permitir melhorar a atenção às vítimas, reforçar as medidas de prevenção e analisar a normativa disciplinar.

Mas a partir de agora, “toda vez que existir uma suspeita de estupro ou agressão sexual muito crível, a pessoa acusada será sistematicamente suspensa de suas funções”, escreve o ministro.

A França lançou em 2014 a célula “Thémis” para recolher o depoimento de vítimas de agressões sexuais e discriminação em suas Forças Armadas e abordar os casos.

Em 2023, tanto a hierarquia militar como o plataforma Thémis receberam 226 depoimentos de violência sexual ou sexista, segundo o ministério. As Forças Armadas contam com 16,5% de mulheres (34.142).

As denúncias de violência sexual contra as mulheres já sacudiram vários setores na França, como o cinema e o esporte, a agora também o mundo hospitalar, após um médico de emergência ser acusado de agressão sexual.

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