O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta terça-feira (9) que vai relançar a construção de reatores nucleares para cumprir os objetivos de conter o aumento da temperatura do planeta, juntamente com o desenvolvimento de energias renováveis.

“Pela primeira vez em décadas, vamos relançar a construção de reatores nucleares e continuar a desenvolver energias renováveis”, anunciou Macron, a fim de cumprir as metas climáticas, como a neutralidade de carbono em 2050.

Na sua opinião, isto permitirá “estar à altura” de seus compromissos, em plena reunião de quase 200 países em Glasgow para a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26).

“Esta é uma mensagem forte da França”, acrescentou o presidente.

Em um contexto de alta dos preços do gás, eletricidade e combustíveis, que obrigou o seu governo a agir, Macron defendeu ainda que esta medida vai permitir “garantir a independência energética” e o “abastecimento de eletricidade”.

“Se queremos pagar nossa energia a preços razoáveis e não depender do exterior, precisamos continuar economizando energia e investindo na produção de energia descarbonizada”, frisou.

A segunda maior economia da União Europeia (UE), que gera a maior parte de sua eletricidade por meio da energia nuclear, atualmente constrói apenas um reator nuclear de nova geração, embora esteja estudando a construção de outros seis EPRs.

Em outubro, o presidente francês anunciou o investimento de 1 bilhão de euros (cerca de 1,1 bilhão de dólares) em pequenos reatores nucleares modulares, em seu plano de reindustrializar a França até 2030 e descarbonizar sua economia.

A energia nuclear praticamente não gera gases de efeito estufa, mas seu uso para limitar o aquecimento global divide países e especialistas, principalmente pelos resíduos que produz e por sua imagem pública.

Essa fonte de energia, que representa 10% da produção mundial de eletricidade, avança na maioria dos cenários dos especialistas em clima da ONU (IPCC) para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, em relação ao final do século XIX.

Os anúncios do presidente centrista, que ainda não confirmou se concorrerá à reeleição nas presidenciais de abril, foram rapidamente criticados por seus eventuais rivais, especialmente de esquerda e ambientalistas.

“A energia nuclear deve ser abandonada. É cara e perigosa”, disse o esquerdista Jean-Luc Mélenchon, que, como o ecologista Yannick Jadot, acusou os custos excessivos e o atraso do reator em construção em Flamanville.

Em um comunicado, o Greenpeace criticou a ideia de relançar uma energia que “acorrenta fiascos”. “O anúncio (…) está completamente desvinculado da realidade”, acrescenta a ONG, que exorta o “presidente-candidato” a consultar o público.