Entre fortes medidas de segurança, milhares de franceses participaram nesta quinta-feira (23) de um novo dia de protestos contra uma controversa reforma trabalhista, que acabou na detenção de centenas de pessoas.

Cerca de 200.000 pessoas, segundo os sindicatos, e 70.000, segundo a polícia, protestaram nas ruas da França para exigir a retirada de um texto que há meses tem gerado indignação.

Em Paris, o protesto aconteceu em “ótimas condições”, sem incidentes, disse o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, destacando que, desta vez, não houve “gases lacrimogêneos”, nem feridos.

A manifestação de 14 de junho em Paris teve dezenas de feridos e várias detenções, com uma grande mobilização policial em meio a ameaças de grupos extremistas durante a Eurocopa. O campeonato acontece na França até 10 de julho.

Para evitar outros incidentes, o governo pediu aos sindicatos a organização de uma concentração e depois proibiu os protestos. Voltou atrás, porém, e decidiu autorizar uma manifestação sob condições rígidas.

A manifestação foi feita em um trecho de 1,6 quilômetro perto da Praça da Bastilha, para onde foram deslocados 2.000 policiais. O efetivo controlou os acessos e registrou os participantes na entrada.

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Pouco antes da manifestação na capital, os agentes detiveram centenas de manifestantes, por portar objetos que poderiam ser usados como projéteis.

“A manifestação oficialmente proibida foi oficialmente autorizada a dar voltas de maneira estática. Valls é obtuso e confuso”, ironizou no Twitter o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, referindo-se ao primeiro-ministro Manuel Valls.

A tentativa do governo de proibir protesto contaminou o ambiente.

“Estamos no país da liberdade. Devemos ter o direito de nos expressar, senão é uma ditadura”, disse Christophe Le Roy, de 45, trabalhador de uma grande companhia francesa.

As manifestações aconteceram em várias cidades francesas, como em Rennes, onde quebraram algumas vitrines.

– Críticas a Valls –

Os sindicatos, com CGT e FO à frente, concentraram suas críticas em Valls, acusado de piorar a situação com sua intransigência, e anunciaram um novo dia de protestos em 28 de junho.

“Cada vez que tentamos apaziguar as coisas, o primeiro-ministro coloca mais lenha na fogueira”, opinou o líder da CGT, Philippe Martinez.

O presidente François Hollande reiterou mais uma vez, nesta quinta, que pretende ir “até o fim” na reforma trabalhista.

Bastante impopular, o governo socialista de Hollande garante que sua reforma trabalhista servirá para combater o desemprego, facilitando a contratação. Seus críticos alegam, no entanto, que o texto atualmente debatido no Parlamento resultará em uma maior precariedade das relações de trabalho, sobretudo para os jovens.

Desde que o governo implementou seu projeto de reforma trabalhista, em março, a mobilização dos sindicatos tem sido expressiva.


No dia 31 de março, os protestos reuniram aproximadamente 390.000 pessoas em 250 cidades do país, segundo cálculo das autoridades. Também houve greve no setor de transportes, energia e coleta de lixo.

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