“No topo do mundo!” A França se transformou neste domingo em uma festa, após a vitória dos Bleus na final da Copa do Mundo, sobretudo em Paris, onde centenas de milhares de seguidores invadiram a avenida Champs-Élysées.

Da “fan zone” da Torre Eiffel até os centros das cidades de Lille, Lyon, Estrasburgo, ou Marselha, passando pelo estádio de Bordeaux e as praças dos povoados, milhões de torcedores pularam de alegria ao ouvir o apito final que marcava sua vitória contra a Croácia (4-2).

“Ganhamos, ganhamos!”, gritava a multidão na “fan zone” parisiense.

“É maravilhoso, maravilhoso”, emocionava-se Martine, de 58 anos, que foi com sua filha para este espaço onde 90.000 pessoas assistiram à transmissão do jogo em um ambiente de euforia.

Minutos depois, a Champs-Élysées estava abarrotada de gente disposta a festejar a noite toda a segunda estrela dos Bleus.

Eric Rodenas, de 42 anos, veio de Cannes (sul) com o filho de 14 anos, Raphaël, para viver a vitória na Champs-Élysées. “Vivi isso em 98, foi mágico. Esta noite meu filho tem a sorte de viver esta mesma alegria”.

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Quando a multidão saía da “fan zone” do Campo de Marte, ao pé da Torre Eiffel, um alto-falante alertava que não fossem à Champs-Élyséesporque estava “saturada”.

Em 1998, mais de um milhão de pessoas comemoraram a vitória da turma de Zidane na “avenida mais bela do mundo”.

Na tarde de segunda-feira a Champs-Élysées seguirá em festa, quando os Bleus percorrerem a avenida.

Em meio às comemorações na noite deste domingo, porém, cerca de 30 jovens quebraram e saquearam a Drugstore Publicis, um complexo comercial na Champs-Élysées.

Os jovens, alguns encapuzados, invadiram a loja da avenida e, depois, saíram com garrafas de vinho e champanhe debaixo do braço, rindo e gravando-se nos celulares. A Polícia reagiu com gás lacrimogêneo.

Mais de 4.000 policiais e gendarmes foram mobilizados neste domingo na capital da França, um país sob ameaça terrorista.

– “Orgulho do país” –

Depois de anos de dificuldades e angústia, com atentados que deixaram 246 mortos desde 2015 e uma recorrente crise de identidade, a França viveu esta Copa do Mundo como um parêntese.

No Carillon, um dos bares de Paris que foram alvo dos atentados jihadistas de novembro de 2015, as cervejas voavam pelos ares, e os clientes pulavam de alegria.

“Sermos campeões do mundo aqui, é simbólico”, explicou Benoît Bardet, um jovem consultor em informática “não especialmente fã de futebol”. “Vir aqui com meus amigos, era uma forma de nos lembrarmos disso e de mostrar que Paris nunca morre”, completou.

“É o verão mais bonito da minha vida!”, exclamava Myriam, de 17 anos, chorando ao pé da Torre Eiffel.


Em Bondy, nos arredores de Paris, o quarto gol, feito por Kylian Mbappé, natural da cidade, foi festejado com especial entusiasmo.

“Kylian, lançou, Kylian, marcou, Kylian, bola de ouro, Bondy campeã, a Copa do Mundo é da França!”, gritavam os jovens, que cantavam também “I will survive”, que se tornou o hino da vitória dos franceses em 1998.

Em termos de popularidade, para o time da França, é uma espécie de renascimento depois de múltiplos escândalos e do fiasco da Copa do Mundo da África do Sul em 2010, onde os jogadores fizeram greve e acabaram eliminados.

“Vocês são o orgulho do seu país, bravo”, reagiu nesta domingo o primeiro-ministro Edouard Philippe.

“OBRIGADO”, tuitou o presidente Emmanuel Macron, dirigindo-se aos Bleus.

Na Rússia, os jogadores acompanharam a festa que tomou conta do país e levantaram a bandeira nacional com orgulho.

Vinte anos depois do “black-blanc-beur” (negro-branco-árabe) de 1998, os 23 Bleus presentes na Rússia, dos quais 14 têm origens no continente africano, reivindicaram sua identidade francesa.

“Ver todo mundo reunido na rua desta forma é uma loucura. Já não há problemas, nem racismo, todos se juntam. Isto você só vive com o futebol”, afirma Ludovic Guaignant, técnico em eletrônica.

Thomas Bazzi, de 31 anos, festejou a vitória em um bar do centro de Paris, “com confiança renovada”.

“Estamos em um país sob muita pressão, econômica e social. Precisávamos dessa janela de esperança”, diz Bazzi, que se atreve a prever um “baby boom”.

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